4.9.05

Espártaco

 Nas cidades, os cativos ocupavam-se de actividades, como a manufactura, o comércio ou os serviços domésticos. Era comum os proprietários utilizarem-nos como "escravos de luxo", os quais desempenhavam as funções de cozinheiros, escribas, administradores, secretários e vários outros ofícios a serviço de seu senhor. Portanto, não há uma tarefa específica destinada à mão-de-obra escrava, ou seja, o escravo não se definia pelo tipo de trabalho que realizava, mas, sim, como um homem explorado e privado do exercício da cidadania e da liberdade.
 As condições sub-humanas em que viviam grande parte dos escravos romanos, ocasionaram rebeliões durante o Período Republicano, sobretudo ao final. Uma das mais significativas foi a Revolta de Espártaco em 73 a.C.


 Espártaco nasceu na Trácia, região situada ao norte da Grécia, no princípio do século I a.C. Era pastor e, capturado pelos romanos, tornou-se soldado do império. Desertou mas foi apanhado e vendido como escravo em Cápua ao proprietário de uma escola de gladiadores.

A luta entre gladiadores originou-se da tradicional prática de se oferecerem sacrifícios aos deuses e eram realizadas em arenas, destinadas a um grande público e utilizadas pela classe dominante como um grande divertimento. Dois guerreiros defrontavam-se armados de capacetes, espadas, lanças e escudos, para delírio dos espectadores, até que um deles caísse ao solo e ficasse em posição de ser morto pelo adversário. Nesse momento, o público deveria se manifestar a favor ou não da morte do guerreiro derrotado. Se os espectadores levantassem seus polegares, era o sinal de que decidiam pela morte do gladiador. Se, ao contrário, abaixassem seus polegares, era o sinal de que o poupariam para combates futuros.

 Os gladiadores recebiam treino em escolas especiais comandadas pela elite romana. A ocorrência de suicídios, fugas e de rebeliões era uma constante entre esses homens, invariavelmente destinados à morte. É exactamente neste contexto que ocorre a grande revolta de Espártaco. No ano de 73 a.C., lidera um pequeno grupo de gladiadores, refugiando-se no Monte Vesúvio. Espártaco consegue incitar os escravos da Itália à rebelião, chegando a formar um exército de 100 mil combatentes. Após retumbantes vitórias em 72 a.C. quando se dirigiam para os Alpes para escaparem do território controlado por Roma faltou-lhes os suprimentos e com fome decidiram regressar ao sul e instalaram-se na Lucânia. A revolta foi sufocada pelo cônsul Licínio Crasso que à frente de oito legiões romanas os derrotou em 71 a.C. tendo Espártaco morrido em combate. Crasso mandou crucificar 6 mil escravos, como símbolo de sua opressão. Espártaco, por sua vez, acabou se transformando em um eterno símbolo da luta dos oprimidos pela liberdade. Embora a rebelião liderada por Espártaco tivesse se caracterizado pela sua grande dimensão, causando um certo pânico entre a classe dominante, não foi capaz de ameaçar concretamente a ordem social. Portanto, a escravidão continuou sendo o principal motor das actividades produtivas em Roma, entrando em crise somente após o século III da Era Cristã, quando houve fragmentação do Império Romano.



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