5.4.06

Os Césares - Tibério

  Durante 44 anos, o governo de Augusto foi maravilhoso em todos os seus aspectos. Não tendo filhos, adoptou o seu enteado Tibério, filho de Lívia, sua terceira mulher, morrendo em Nola no ano 14 d.C.

Os Césares

  Augusto não tinha inaugurado o império. Foi Tibério quem lançou os alicerces da nova forma de governo publicando a «Lei de Majestade» e inaugurando a:

Dinastia Júlia-Cláudia (1)
(14 a.C. a 68 d.C.)


TIBERIUS
(Tiberivs Clavdivs Nero)
Imperador – 14 a 37 d.C.

Tibério


  De seu nome completo Tibério Cláudio Nero César, nasceu em 42 a. C. e faleceu em 37 d.C. Foi imperador romano com a idade de 56 anos, reinando desde a morte do seu padrasto Augusto em 14 até ao ano do seu desaparecimento. Era filho de um anterior casamento de Lívia, terceira mulher de Augusto.

  Tibério foi adoptado por Augusto, que lhe encomendou importantes missões diplomáticas e militares, incluindo a luta contra os Panónios ou as campanhas da Germânia, acabando por nomeá-lo seu sucessor no império.

  Tibério não foi uma 1ª escolha de Augusto, mas como os seus sucessivos herdeiros (Agrippa, Marcello, Lúcio e Gaio) morriam, Augusto não teve outra opção senão adoptar Tibério em 4 d.C. Mostrando bem quão relutante estava em fazer Tibério herdeiro, Augusto acrescentou no final da cerimónia «Faço isto por razões de Estado». Porque Augusto não gostava do seu sucessor é um mistério, talvez se devesse ao facto de que ele não era como as pessoas que o rodeavam, ou seja um lambe-botas, e o afrontar. Por outro lado a coragem e a genialidade militar de Tibério contrastavam com o facto de Augusto ter apenas liderado pessoalmente apenas uma campanha na Hispânia, e mesmo assim foi graças ao seu Estado-Maior que não aconteceu uma desgraça.

  No ano 15 a.C., Tibério e Druso, filhos adoptivos do imperador Augusto, penetraram na zona do Danúbio Superior, onde fundaram as províncias de Rénia e Nórica. Nos anos que se seguiram, Tibério subjugou os Panónios e assegurou o Danúbio Médio como fronteira romana. Depois foram levadas a cabo outras quatro campanhas para progredir até Elba. A partir do ano 12 a.C., Druso submeteu os Batávios, os Frisões e os Caucos, lutou com os Cuados e os Marcomanos, e chegou até Elba, embora tenha morrido pouco depois. Tibério, que prosseguiu com a sua tarefa, penetrou no Elba; numa segunda expedição, obteve um tratado com os Queruscos e submeteu os Lombardos. Contudo, o episódio da morte do seu sobrinho Germânico no Oriente iniciou um período da sua governação marcado pela violência e tirania, com o assassinato da sua própria esposa Júlia e continuado com a morte do chefe da Guarda Pretoriana Lúcio Élio Sejano e dos seus familiares, cúmplices e amigos. Aumentou de forma constante a perseguição, tortura e morte de elementos eminentes da sociedade romana, sobretudo na capital, mas também nas províncias imperiais. É durante o seu reinado que Jesus Cristo é crucificado.

  Os longos anos que viveu afastado de Roma deram-lhe uma feição grave de tristeza. O período do seu governo fica marcado por um engrandecimento evidente da figura e culto do imperador e de um aumento do carácter materialista da sociedade romana, embora tenha possibilitado de igual modo um melhoramento significativo do serviço público, um equilíbrio nas finanças estatais, e um controlo e disciplina nos exércitos.

  Ao mesmo tempo, Tibério, tentou garantir o território, criando acampamentos fortificados, construindo calçadas e organizando a administração. Mas nunca pôde concluir a sua campanha contra os Marcomanos, pois teve de lutar contra os Panónios, novamente sublevados, os quais subjugou, convertendo a Panónia numa província romana.

  Em 26 d.C., cansado da intriga política da Corte, abandona a cidade de Roma, estabelecendo-se na Campânia, fixando-se no ano seguinte na Ilha de Capreia (Capri), onde viria a falecer, passando o seu tempo a conversar com intelectuais Gregos.

  Quanto à questão da morte de Tibério, existem teorias de que terá sido assassinado no seu próprio leito, sob as ordens de Calígula pelos Guardas Pretorianos. Quem com ferros mata com ferros morre e, se assim foi, Calígula têve exactamente o mesmo fim, que terá dado a Tibério.

  Este Imperador foi um dos poucos que nada fez para alcançar o trono imperial. Na verdade após ter regressado das guerras da Germania, retira-se para Rhodes em 2 a.C. Foi sim o destino que iria fazer de Tibério Imperador. O seu sucessor foi Calígula.


(1) - Foi assim designada pelo facto de César pertencer à família Júlia e Tibério à família Cláudia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Na verdade este blog uma autentica enciclopédia de História e não é "coisa" para se ler de ânimo leve. Já sei onde procurar quando tiver dúvidas acerca do Império Romano. Quanto ao tema do meu post (sobre os download's de música), claro que é mera figura retórica quando afirmo que nunca "saquei" músicas da net (também não sou assim tão "tanso"). Só pretendia dizer que não é necessário comprar música para contribuir para os direitos de autor e que, afinal, os músicos são roubados "à força toda" mas quem mais "pia" são os chulos das editoras. Mal comparado, faz-me lembrar certos agricultores, que não descansaram enquanto não tiveram a sua empresa agrícola e agora que a têm, não se cansam de protestar que a agricultura não dá lucro. Mas não desistem (nem os agricultores, nem as editoras). Um abraço e em breve cá virei aprender mais um pouco de História. Enviado por José S. em abril 7, 2006 03:39 AM

Insere-se então uma boa cronologia: Tibério (nexste artigo), Calígula, Cláudio (de que falei no Cognosco sobre as «suas» letras) e depois Nero (que viria a nomear indirectamente o Coliseu, como abordei no Cognosco). É esta complementariedade uma das coisas que ma agrada no formato dos «blogs». Como sempre muito obrigado pelas histórias sobre a História, «marius70». Enviado por Mauro em abril 24, 2006 09:10 PM

Acho que Portugal já tem os seus neros apegarem fogo as florestas Enviado por tron em agosto 17, 2006 01:04 AM