4.2.07

Nerva

  A Domitianus sucedeu-lhe Nerva, proclamado pelo senado. Governou apenas dois anos. Seguiu-se-lhe uma série de imperadores «adoptivos», iniciando a excelente dinastia dos Antoninus.
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ELEITO PELO SENADO (PROVISÓRIO)
(96 a 98 d.C.)



NERVA
(Marcvs Cocceivs Nerva)
Imperador - 96 a 98 d.C.

Nerva



  Marcus Cocceius Nerva nasceu em 8 de Novembro do ano 30 DC, em Narnia, cerca de50 km de Roma. A família de Nerva era rica, e os seus antepassados ocuparam cargos importantes (o bisavô havia sido cônsul em 36 AC, e o seu avô fora um conselheiro do Imperador Tibério). Só mais uma curiosidade, a mãe de Nerva era bisneta do Imperador Tibério.

  O jovem Nerva seguiu as pisadas do avô e bisavô, ocupando vários cargos imperiais, ganhando assim experiência, já nessa altura se notava o talento de Nerva para a política. Em 65 DC recebe honras especiais de Nero por ter descoberto a conspiração de Piso, para o assassinar, e em 71 DC foi apontado para cônsul pelo Imperador Nero. Em 90 DC é novamente apontado para cônsul desta vez pelo Imperador Domiciano, embora hajam rumores de que Domiciano fora abusado sexualmente por Nerva, na sua juventude, conforme é dito pelo Historiador Seutónio, mas como não há provas, temos de declarar Nerva inocente. Talvez um dia se ache algum documento que absolva ou culpe Nerva.

  Como Claudio, (que fora obrigado a ser imperador pelos pretorianos aquando do assassinato do Imperador Calígula), Nerva era um imperador relutante, alinhando mais com os conspiradores que mataram o paranóico Domiciano, mais para salvar a sua vida, do que por ambição (Domiciano estava sempre a condenar alguém à morte por traição). Assim em 18 de Setembro de 96 DC, toda a sociedade respira de alívio, cansada da tirania de Domiciano, e o Senado proclama Nerva Imperador no próprio dia! Nas ruas de Roma existe um misto de alegria e fúria: alegria pois o tirano Domiciano é morto e fúria pois as suas estátuas são destruídas e a sua rede de espiões desmontada, havendo mesmo espiões que são mortos. No entanto Nerva tem 66 anos, sendo um homem velho, e a esperança média de vida no tempo dos Romanos era mais baixa do que agora, pelo que o Imperador tem tendência a vomitar a comida e a ficar doente frequentemente. Não deixou de ser porém um governante generoso e amigável, com uma enorme popularidade tanto pelo povo Romano, como pelo Senado, pelo que recebe logo no principio do seu reinado o titulo de pater patriae (pai da pátria), que outros imperadores tiveram de esperar anos para receber. No entanto a redescoberta da liberdade pelos Romanos trouxe problemas a Nerva: é que se no reinado de Domiciano ninguém poderia fazer nada, com Nerva podia-se fazer o que se quisesse, pelo que era difícil para o idoso imperador manter a ordem.

  As políticas de Nerva foram feitas para manter elevada a sua popularidade, mas são sem dúvidas boas políticas: mandou restaurar aquedutos, fez um juramento público em que jamais executaria um senador, e mantendo-se fiel à sua palavra, não executou o senador Calpurnius Crassus, que havia conspirado contra ele, e distribuiu terra aos pobres. Para que estas medidas fossem possíveis usou muito da sua riqueza. Se bem que Nerva era popular entre o povo e o Senado, o exército não esquecia Domiciano, que havia dado o primeiro aumento de ordenado, desde Augusto. Aliás a crise entre Nerva e o exército atingiram o auge no Verão de 97 DC. O Imperador cometeu o erro de substituir Secundus e Norbanus, comandantes da Guarda Pretoriana (que haviam tido um papel fundamental no assassinato de Domiciano) por Casperius Aelianus (um apoiante de Domiciano). E assim a Guarda Pretoriana sob as ordens do seu novo líder marchou contra o Imperador, que ficou aprisionado no seu palácio, sendo-lhe exigido que lhes fossem entregues Secundus, Petronius e Parthenius devido ao seu envolvimento na morte de Domiciano. Nerva resistiu com coragem e bravura, chegando até a por o seu pescoço à frente de uma espada de um pretoriano dizendo que a única forma de conseguirem as pessoas que queriam executar era matá-lo. Como é óbvio o pretoriano não matou Nerva, mas estes acabaram por conseguir o que queriam.

  Petronius teve a morte mais misericordiosa, sendo decapitado com um único golpe de espada, mas a Parthenius foram-lhe arrancados os genitais e então decapitado. Como se isso não fosse o suficiente os pretorianos obrigaram Nerva a agradecer-lhes em público por terem feito estas execuções. Apesar desta humilhação, Nerva conservava o poder, mas ele sabia que um imperador que não contasse com o apoio do exército não iria ter um longo reinado. Mais do que tudo, Nerva era um grande político e se ele morresse deixaria o trono vazio. Decidiu portanto adoptar um herdeiro, e para manter a sua posição devia ser um herdeiro popular. Escolheu assim o governador da Germânia, Trajano. O então Governador da Germânia gozava de um enorme respeito pelo Senado e pelo exército. Foi uma jogada de mestre, nunca mais ninguém desafiou Nerva. A adopção deu-se no final de Outubro de 97 DC, no Capitólio.

  Nerva morreu em 28 de Janeiro de 98 DC devido a uma febre, após um breve reino de apenas 16 meses. Como sinal de respeito os seus restos mortais foram colocados no Mausoléu de Augusto, ao lado dos imperadores Julius-Claudianus. Parece até, que os deuses ficaram tristes com a sua morte, pois no dia do seu enterro houve um eclipse do Sol.

1 comentário:

Anónimo disse...

Faz falta uns Nervas no mundo, os queen dizem bem na musica de tributo a Freddie Mercury que é última do album queen rocks "Não apenas tu, só novo morre jovem" (ou se pode traduzir morre rápido) Enviado por tron em fevereiro 9, 2007 10:38 PM

Bom, por cá temos um governante que nos eNerva bastante... Enviado por Mauro em fevereiro 13, 2007 08:36 PM

Mais uma vez, sou leito atento [ ] Enviado por Serpente Emplumada em fevereiro 18, 2007 01:04 AM