25.5.06

Nero

NERO
(Lvcivs Domitvs Ahenobarbvs)
Imperador – 54 a 68 d.C.

Nero


  Lucius Domicius Aenobarbus, depois Nero Claudius Caesar Drusus Germanicus, era filho de Agripina, a Jovem e de Gneus Domitius Aenobarbus. Nasceu em Antium a 15 de Dezembro de 37 d. C., sendo adoptado por Cláudio em 50. Casou com Octávia, filha deste e de Messalina, em 53. Foi proclamado imperador quando Cláudio faleceu, a 13 de Outubro de 54 tinha Nero 16 anos de idade. Era então aluno de Séneca. A sua autoridade apoiava-se nos pretorianos do prefeito Burro.

 No início do seu reinado é favorável ao Senado. Porém, algumas tragédias palacianas (como o assassinato de Britânico, filho de Cláudio) auguram mau futuro.

 Enquanto seguiu os conselhos dos seus preceptores – Séneca e Burro – foi justo e moderado. Pervertido pela luxúria, tornou-se o monstro nº1 da história. Por três vezes tentou envenenar a sua mãe, Agripina sabendo-o, tomava um antídoto. Quando por fim conseguiu desenvencilhar-se dela em Março de 59 d.C., Nero viu-se assombrado pelo seu espírito, contratando exorcistas persas para convocar o seu espírito e pedir o seu perdão. Em 62 manda assassinar sua esposa Octávia, em 65 mata Poppaea, a sua segunda mulher, a pontapés quando estava grávida.



 Nero governa pessoalmente, cada vez mais afastado de Séneca. Assume, então, o aspecto de um soberano helenístico.

 Burro morre em 62. O novo prefeito do Pretório é Tigelino. Nessa altura, Nero inicia-se na religião mazdaísta e no culto do Rei-Sol.

 Em 64, um incêndio destruiu 3 quarteirões de Roma (construiu nesse local a célebre Domus Transitoria ou Casa Dourada, cujas salas eram recamadas a ouro e incrustadas de pedras preciosas) atribuído a um propósito premeditado de Nero.

 Em 65 eclodiu a Revolta de Pisão, na qual estava comprometida uma grande parte da aristocracia senatorial. A repressão é implacável, condenou à morte 18 acusados, entre os quais Séneca e o poeta Lucanus que foi forçado a cometer suicídio. Inicia a primeira perseguição contra os cristãos, fazendo-os responsáveis pelo incêndio.



 O imperador sentia um fascínio pelos dons dos actores e cantores e tentava fortalecer a sua voz para o palco deitando-se de costas com uma pedra pesada sobre o peito. Vaidoso de pretensos dotes artísticos e de cavalaria instituiu os jogos chamados Juvenália e Neronis, e exibia-se nos teatros e nos circos como Histrião.

 Em 66, Nero vai para a Grécia, onde participa nos Jogos onde prestáveis juizes lhe concederam a quantidade astronómica de 1108 prémios. No regresso da Grécia em 67 d.C., o imperador Nero desembarca em Nápoles e manda derrubar parte das muralhas da cidade para assinalar os seus feitos gloriosos. Depois seguiu para Roma e entrou na capital no mesmo carro que Augusto usara para celebrar as suas vitórias. O cortejo triunfal que preparou passava pelo circo Máximo – a ampla pista de corridas de Roma onde as aurigas disputavam a glória – atravessando depois o Fórum. Nero viu-se coberto de fitas e de outras provas de estima, sacrificando-se animais ao longo do seu percurso em honra da ocasião. Decorou os seus aposentos com as suas coroas de vitória e encomendou estátuas de si próprio, sentado enquanto tocava lira.

 No ano seguinte, teve de enfrentar várias sublevações, como a de Julius Vindex, governador da Gália lionesa (província de Lugdunum, Gália) e depois a de Galba, governador da Tarraconense, na Hispânia, e ainda a de Otão, na Lusitânia.

  Servius Sulpicius Galba, marcha sobre Roma onde foi reconhecido pelo Senado como novo imperador, Nero teria que se suicidar que era o que faziam os nobres na época. Sem coragem para o fazer pediu ao gladiador Espículo para que o matasse mas este nem ninguém queria ser o carrasco. Refugiou-se em casa do seu liberto Faon e quando soube que o Senado o tinha declarado inimigo público, o que implicava ser castigado à «moda antiga», ou seja nu e açoitado até à morte com varapaus, Nero, em 68 d.C. no mês de Junho, com a ajuda do seu secretário, enterrou um punhal na garganta.

  Disse Nero antes da sua morte que os seus inimigos iriam privar a sociedade de «um artista tão importante!». Acreditava que o teatro romano nunca veria outro como ele e de certo modo assim foi, mais nenhum imperador tocou lira ou cantou como Nero.

 A dinastia tão promissora iniciada por Augusto chegava ao fim.


9.5.06

Claudius I

CLAUDIUS I
(Tiberivs Clavdivs Drvsvs Germanicvs)
Imperador – 41 a 54 d.C.

Cláudio


  Foi o primeiro imperador (10 a.C.-54 d.C.) de 41 a 54 d.C. nomeado pelos pretorianos, quando o Senado pensava no estabelecimento da República.

 Tiberius Claudius Caesar Augustus Germanicus nasceu em Lugdunum (Lyon), e morreu em Roma. Filho de Nero Claudius Drusus e Antonia, era irmão mais jovem de Germanicus sucessor natural do trono, morto em circunstâncias estranhas (Voltando de Antioquia, Germanicus foi acometido de uma doença que se tornou fatal. O governador da Síria, Calpurnius Piso, que não mantinha boas relações com Germanicus, foi acusado de envenená-lo ou amaldiçoá-lo).

  Cláudio, era coxo e gago, durante a infância fora assolada por diversas doenças, que lhe enfraqueceram o corpo e lhe retardou a mente, considerado um tolo pela própria mãe - (Cláudio confessou que fingiu-se passar por retardado para passar despercebido a seu sobrinho, Calígula, sobrevivendo assim ao seu reinado de terror). No entanto, o soberano recomendava que lhe prestassem as homenagens devidas por ele pertencer à família Julia, descendente directo de César, e também para que não se rissem dele, devido ao seu aspecto de retardado e enfermo. A sua débil vontade foi moldada pelos seus libertos Palas e Narciso e pelas mulheres, tornando-se ridículo pelas suas maneiras esquisitas de tímido e covarde, como nos foi legado pelos historiadores Tacitus, Suetonius e Dion Cassius.

  Cláudio dedicou-se à literatura, escrevendo, além de uma história de Roma não terminada, 28 livros de história Etrusca e cartaginesa, uma autobiografia e um projecto de reforma ortográfica.
  O seu reinado foi marcado pela centralização do poder e pela conquista. Em 42 anexou a Mauritânia, no norte da África, e no ano de 53, a ilha da Bretanha. Anexou a seguir a Lícia, a Judeia e a Trácia e empreendeu a romanização das novas províncias. Fundou a «Colónia agripina» (hoje Colónia) nas fronteiras do Reno. Ordenou a execução de importantes obras públicas: solucionou os problemas de abastecimento de Roma, mediante a construção de novos aquedutos e de um porto em Óstia; aterrou o lago Fucino e melhorou as estradas.

  Como o povo queria «panem et circenses» (pão e circo), Cláudio organizou jogos e divertimentos restaurando antigos teatros, e reproduziu uma batalha naval entre as esquadras da Sicília e de Rodes, com 12 naus cada uma.

  Cláudio, tinha, como passatempo predilecto, ver criminosos serem torturados até à morte. Mandou assassinar a sua terceira mulher, Messalina e a 300 amigos desta, entre eles o famoso actor Mnester, e acabou por ser ele próprio vítima de assassinato (envenenado com cogumelos estragados) pela sua quarta esposa, Agripina II a Jovem, bisneta de Augusto, depois de haver adoptado o filho desta, Lucius Domitius (Nero) como seu sucessor.

À semelhança dos seus antecessores Claudius foi deificado após a morte, observando Nero, sarcasticamente, que os cogumelos eram o «alimento dos deuses».

  Foi com Cláudio, que a célebre frase dos gladiadores apareceu:

Ave Cesar. Nós que vamos morrer te saudamos.




Sucedeu-lhe Nero.

2.5.06

Calígula

CAIUS CALIGULA
(Caivs Ivlivs Caesar Germanicvs)
Imperador – 37 a 41 d.C.

Calígula


 Imperador romano (37-41), sucedeu a Tibério e foi um cruel tirano. Filho de Germanicus e de Agrippina I, Caligula nasceu em Anzio, no Lácio, em 31 de agosto do ano 12 d.C. Seu verdadeiro nome era Caius Julius Caesar Germanicus mas, porém, na sua infância, os soldados de seu pai o apelidaram de Calígula (botinha), como alusão às suas pequenas sandálias militares ou Caligae.

 O imperador Tiberius, seu tio-avô, adoptou-o como herdeiro; assim, à morte deste no ano 37, Caligula foi aclamado novo imperador romano pelo povo e pelo Senado. Tornou-se a princípio hábil administrador; exercendo uma política de acentuado tom demagógico, com medidas como a redução de impostos e amnistia geral, o que lhe granjeou alguma popularidade. Vítima de uma enfermidade que lhe afectou a mente, logo começou a cometer suas célebres extravagâncias elevando à dignidade de cônsul o seu cavalo «Incitatus» e resumiu numa só frase, todo o sentimento de crueldade: «desejaria que todo o império romano tivesse uma só cabeça para a decepar de um só golpe».

 Com Calígula, os gastos públicos descontrolaram-se; quando o erário estava quase exaurido, ordenou a execução, por diferentes motivos, dos romanos mais ricos para confiscar-lhes os bens. Obcecado pelo poder e pela religião do Egipto, considerou-se uma divindade, mandou colocar sua estátua em vários templos, entre eles o de Jerusalém, difundiu o culto egípcio da deusa Ísis e manteve relacionamento incestuoso com sua irmã Drusilla, no estilo da Dinastia dos Ptolomeus.

 Por volta do ano 40, Calígula realizou uma expedição à Germânia para sufocar uma rebelião do general Cornelius Lentulus Getulicus e outra à Gália, com o fito de conquistar a Bretanha. Anexou o reino da Mauritânia e, na Judéia, nomeou rei seu amigo Herodes Agrippa.

 Diversas conspirações, como a do senador Marcus Aemilius Lepidus, foram urdidas contra Calígula, que acabou por morrer assassinado em Roma a 24 de Janeiro do ano 41 pelo prefeito do pretório, Cássio Querea.

 Sucedeu-lhe Cláudio, imperador nomeado pelos pretorianos.


Agripina
Anverso de um sestércio Calígula
(perfil de sua mãe Agripina)