31.7.05

Lusitânia - Estrabão

 As guerras partidárias em Roma provocaram levantamentos nos territórios mais afastados do império. Na península ibérica os Lusitanos ofereceram uma resistência considerável ao domínio romano. Primeiro Viriato e depois, devido às proscrições de Sila, Sertório.

Estrabão

 Historiador e geógrafo grego (63/64 a.C.-c.24 a.C.), passou grande parte da sua vida em viagem. A sua obra principal, Memórias Históricas, retoma e continua a história de Políbio, apresentando uma importante descrição geográfica do mundo antigo. Embora não tenha visitado a Península Ibérica, Estrabão consagra na sua obra um capítulo à Lusitânia, fazendo referência aos rios, montes e povos.
 Segundo Estrabão:

 "Ao norte do Tejo é a Lusitânia, ocupada pelo povo mais poderoso entre todos os iberos, aquele que manteve, por mais tempo, a guerra contra os romanos. É limitada, a Sul, pelo Tagus (Tejo).

 "A sua parte oriental (Serra da Estrela), é montanhosa e rude. A sua continuação é uma planície que se estende até o mar.

 "A Lusitânia é um país muito fértil, cortada por grandes e pequenos rios, a maior parte navegáveis. Os mais conhecidos, além do Tagus (Tejo), são o Mundas (Mondego) e o Vaccua (Vouga). O limite norte é o Durius (Douro).

 "A Lusitânia abrigava diversos povos, que tinham nomes diferentes. Cada um formava uma pequena república, que tinha as suas leis, seus usos e costumes. É ocupada por cerca de 50 povos diferentes".


(in "l'Origine des lusitaniens", M. D'Orban, Gauthier, 1823, Paris, pp. 34 a 45)


29.7.05

Lucius Cornelius Sulla 138-78 A.C.

  Romano por nascimento, era filho duma família nobre arruinada, tendo conservado sempre tendências aristocráticas, embora a sua vida, entre boémios, fosse pura antítese dos pergaminhos que defendia. Corajoso mas vingativo e cruel, mereceu dos seus contemporâneos o título de «Leão-raposa», Seguira para África como questor de Marius, trazendo a Roma Jugurta como prisioneiro. Na Revolta Social, 91-88 a.C. (do nome «socii», por que eram conhecidos os italianos como aliados de Roma), cobriu-se de glória, em 88, quando os revoltosos queriam Corfínium por capital. Esta guerra terminou num compromisso: concedeu a todos os romanos o estatuto de cives romanus, cidadão romano. Em 88 a.C. Mitríades, Rei de Pontus atacou a província Romana da Ásia, massacrando 80.000 Romanos. O Senado decidiu mandar Sulla para lá, para restaurar a ordem, mas o Tribuno do povo Sulpicus Rufus pediu que o comando do exército, mandado para a região, fosse entregue a Marius. Realizou-se então um concilium plebis, e decidiu-se mandar para lá Marius. Mas Sulla, não aceitou a decisão de ânimo leve; marchou à frente de 6 legiões em Roma, e acabou por conseguir, que a decisão inicial, fosse aquela que prevalecesse, obrigando Marius a retirar-se para a Africa. As vitórias de Queroneia e Orcómeno, na Beócia, deram-lhe o domínio da Grécia, recuperando as conquistas de Mitrídates pela paz de Dárdanos. Voltando a Roma com o auxílio do jovem Pompeu, torna-se senhor absoluto, nomeando-se ditador por tempo ilimitado (segundo a Constituição Romana, o cargo de Ditador, só era exercido em tempos de crise militar, o que não era o caso, mas para Sulla, isto é apenas um pormenor); publica as sangrentas «proscrições», onde se encontravam os nomes dos seus inimigos condenados à morte (os «inimigos do Estado») e embora tenha desprezado o Senado, Sulla publica as «Leis Cornelianas» fazendo com que o Senado fosse o órgão principal, com poder de veto, restabelecendo assim o antigo prestígio, retirando o poder que os Tribunos do Povo detinham. Criou também tribunais para particulares tipos de crimes, onde os juízes tinham de ser Senadores. Invulgarmente para um tirano, retirou-se da política em 79 a.C. indo para Cumas, perto de Nápoles, passou os últimos dias a escrever as suas memórias. Morreu em 78 a.C.

Guerra social
Baixo-relevo da guerra social

25.7.05

Marius - O primeiro dos Romanos

A sinceridade exemplar dos Gracos na reforma agrária, originaram o aparecimento de dois novos corifeus que tomaram como base dos seus intentos o Povo e o Senado: Mário (Marius) e Sila (Sulla).

  MARIUS (Caio), general romano, nasceu perto de Arpino, morreu em Roma (157-86 a. C.). Era tio, por aliança, de Júlio César. Foi sete vezes cônsul.

Chefe do Partido Popular, tornou-se o rival de Sila por ocasião da guerra de Jugurta. Vencedor dos Teutões, povo originário da Ásia, nas Batalhas de Aquae Sextiae (102 A.C.) e Campi Raudii (101 A.C.) e dos Cimbros, em Verceil (101) teve, em Roma, uma entrada triunfal.



Em 88, Sila obteve o consulado e a direcção da guerra contra Mitridates. Marius conseguiu que o povo retirasse a Sila esse comando para lho dar. Sila, porém, marchou contra Roma e expulsou o seu rival, que, para escapar à morte, teve de ir esconder-se nos pauis de Minturnas. É aqui que começa a longa série de infortúnios que ficou célebre na história. Descoberto nesse refúgio, foi lançado num cárcere da cidade. Um escravo cimbro entrou nesse cárcere, com uma espada nua, para o matar. Ao vê-lo aproximar-se, o prisioneiro clamou com voz retumbante: Desgraçado, ousarás ferir Marius. Aterrado, o escravo deixou cair a espada e fugiu, Restituído à liberdade, Mário foi procurar asilo mais seguro em África, desembarcando nos lugares onda outrora se erguera Cartago, Apenas, porém, desembarcou, Sextílio, pretor da Líbia, mandou-lhe ordem imediata de abandonar a província.

  “Diz ao pretor — respondeu o proscrito ao mensageiro — que viste Marius fugitivo, sentado nas ruínas de Cartago”.



No ano seguinte, regressou a Roma, acompanhado por Cina, à testa de uma hoste numerosa e fez-se nomear cônsul pela sétima vez. Tirou cruel vingança dos partidários de Sila, mas cerca de quinze dias depois do seu regresso, morreu subitamente.




23.7.05

A Reforma Agrária

  Perante a crise assustadora que minava a sociedade romana, a própria aristocracia representada por Catão e Cipião Emiliano sentiu a necessidade urgente duma solução. A revolta dos escravos na Sicília favoreceu o movimento reformador dos irmãos Tibério e Caio Graco que, embora plebeus, eram aparentados com as famílias mais nobres de Roma.

Tibério Semprónio Graco

  Granjeara a simpatia do público combatendo em Cartago e Espanha. Menos revolucionário que seu irmão, era inimigo da violência, e possuidor dum nobre carácter. Sua mãe, Cornélia, filha de Cipião, educara-o esmeradamente, ensinando-o a não menosprezar a pobreza. Eleito tribuno em 133, procurou reconstituir a classe média dos pequenos proprietários publicando a Lei Agrária, pela qual ninguém poderia ultrapassar a posse de 125 hectares do «Ager publicus» (terras que o Senado tinha usurpado aos vencidos). O superavit voltaria para o Estado, que o distribuiria pelos pobres. Propôs igualmente que os tesoiros legados ao Senado por Átalo III, último rei de Pérgamo, fossem distribuídos aos pobres. A revolução aristocrática de Cipião Nausica assassinou-o e a muitos dos seus apoiantes.

Caio Graco

  Orador violento e impetuoso, exercia um extraordinário poder de sugestão sobre os auditórios, sendo pequeno o Campo de Marte, na expressão de Plutarco, para conter a multidão que o elegeu tribuno em 123. O sangue de seu irmão clamava vingança contra a nobreza senatorial a qual procurou reduzir à impotência, desligando-a do povo e dos cavaleiros pela publicação das 1eis: Frumentária (decidia que todo o cidadão podia comprar todos os meses 43 litros de trigo por um preço mínimo) e Judiciária (pela qual o Senado abandonava aos cavaleiros a administração da justiça). Partia para a África para fundar a Colónia de Cartago quando foi eleito cônsul, seu inimigo Opímio que o atacou, dizendo que Cipião Emiliano amaldiçoara aquela terra. Travada a luta no monte Aventino, pedia a um escravo que lhe desse a morte.

ceifa do trigo
Baixo-relevo da ceifa do trigo



20.7.05

Na moral e na sociedade

 A evolução que sofreu a religião e toda a manifestação romana, alterou também os seus costumes, os seus hábitos, o seu vestuário, degradando a família pelo divórcio, autentica praga nacional. Duas grandes classes ocupavam o prestígio social: Os nobres (senadores e magistrados), buscando a sua riqueza na terra. Os grandes comerciantes e banqueiros romanos pertenciam em geral à classe dos cavaleiros (equites), intermediária entre as grandes famílias que dividiam as cadeiras do Senado e as classes baixas.

 A propriedade familiar é absorvida pela grande propriedade (Latifúndio) enquanto a miséria esmaga a população. Os prisioneiros de guerra constituíram um imenso exército de escravos, cujo trabalho barato nas grandes propriedades e nas manufacturas arruinou os camponeses e os artesãos livres da península itálica. O proletariado romano transformou-se numa classe ociosa que vivia miseravelmente das subvenções e distribuições de alimentos, frequentava as termas e era entretida com jogos públicos e circo.

 A própria Roma tornou-se uma grande cidade parasita, que importava grande quantidade de mercadorias de luxo e especiarias orientais, trigo da Sicília e do norte da África, azeite da Espanha e escravos de todo o imenso território colonial. O velho sistema político republicano, edificado por e para uma cidadania identificada com sua cidade, era cada vez menos capaz de funcionar numa sociedade enriquecida que perdera seus ideais. Teve início assim um longo período de instabilidade interna que só cessou quando a velha república romana se transformou em império. As últimas décadas do século II registaram lutas sociais que tiveram como protagonistas os irmãos Tiberius e Caius Gracus, eleitos tribunos da plebe.


15.7.05

Vida Cultural

 Com a expansão de Roma, e devido ao contacto com outras culturas houve necessidade de implementar novas orientações literárias e artísticas, que preocuparam o espírito romano somente quando as obras gregas de difundiram em Roma, vivendo duma activa imitação.

Literatura

Na Comédia:

Tito Maccio Plauto (250a.C? - 184a.C?)

 Plauto nasceu em Sarsina, Úmbria por volta do ano de 250a.C e faleceu, provavelmente em Roma, no ano de 184a.C. Considerado o maior comediógrafo da Roma antiga, é oriundo de berço humilde e veio para Roma ainda jovem, onde começou a fazer teatro, primeiro como actor e depois escrevendo comédias. Por muito tempo, ficou conhecido apenas como Plautus, que quer dizer "pés chatos", porém mais tarde se auto denomina Maccus ("palhaço") Titus.
Estima-se que tenha escrito 130 peças, das quais apenas 21 sobrevivem. Seus enredos, personagens e ambientação são copiados de autores da Nova Comédia Grega, como Menander, Filemon e Diphilus. Adiciona numerosas alusões romanas e introduz elementos de canto e dança. Com métrica elaborada e linguagem coloquial, sua obra reproduz com fidelidade a vida dos romanos da época. Os enredos são em geral baseados em casos de amor ou confusões decorrentes de troca de identidades, mas apresentam grande originalidade no tratamento dos temas. As suas personagens são de origem popular: escravos mentirosos, Ladrões, velhos, soldados fanfarrões, cortesãs, etc. As principais obras de Plauto são:
Anfitrião; Auluraria; O Soldado Fanfarrão; Os Menecmos; Persa; Pseudolus; Vidularia

Publio Terêncio Afer (185a.C.? - 159a.C)

 Terêncio nasceu na África, provavelmente no ano de 185a.C. Foi vendido como escravo ao senador Terêncio Lucano, que lhe deu educação e, algum tempo depois, a alforria. Por ser muito amigo de Cipão, muitos atribuíram a esse último a autoria de várias comédias de Terêncio.
Composta por seis comédias, toda a obra de Terêncio resistiu a acção do tempo e chegou até nós. São elas: Andria, Hécira (sogra em grego), Heautontimoroumenos (o que se pune a si próprio - em grego), O Eunuco, Formião, Os Adelfos (os irmãos)
 As personagens das comédias Terêncio pertencem, muitas vezes, a classes sociais mais altas. As suas obras são escritas em verso e seu estilo é "puro". Apesar disso, ele hoje é considerado um autor menor que seu contemporâneo Plauto.

Na História

Políbio

 Historiador grego (c.204 a.C.-c.122 a.C.), nasceu em Megalópolis, na Arcádia tomou contacto com a cultura de Roma depois de aí ser conduzido como refém, em 168 a. C., na sequência de conversações entre a Roma e a Grécia nas quais participou. De família aristocrática, teve formação literária e filosófica, bem como vida política e militar activa. Assistiu a grandes acontecimentos da época, como a tomada de Cartago. Escreveu a obra História Universal, onde relata acontecimentos ocorridos entre cerca de 264 e 144 a.C. Morreu aos 80 anos de idade. Compôs originalmente quarenta livros, dos quais apenas cinco completos chegaram até nós, restando dos outros apenas fragmentos.

Na Arte

 Poucas eram as obras artísticas de Roma anteriores às conquistas. O esplendor artístico dos gregos levou os conquistadores à pilhagem dos templos e palácios, espalhando vaidosamente toda esta beleza pelas casas e templos romanos. As classes altas, a começar por algumas famílias como a dos Cipiões, assimilaram a Cultura Helênica, que foi protegida e imitada. Surgem da imitação grega a «Basílica Pórcia», «Circo de Flamínio», «Teatro de Scanus», etc.