27.4.05

Sérvio Túlio

  Sérvio Túlio (578-534 a.C.) era filho de um nobre de Corniculum e de uma dama de Lacio que grávida foi feita prisioneira e entregue a Tanaquil, esposa de Tarquinio, o antigo. Sérvio Túlio nasceu no Palácio e foi educado como um príncipe. Casou com a filha de Tarquinio e após a morte deste, Sérvio foi eleito rei graças a aprovação senatorial.

  Sérvio Túlio, o segundo rei etrusco, é tido como o realizador de diversas reformas que favoreceram os plebeus. Criou várias gentes (gens), promovendo famílias plebeias à condição de nobres, organizou assembleias militares, os comícios centuriatos, e estimulou o comércio e o artesanato visando fortalecer economicamente os plebeus. Essas medidas, que a tradição atribuiu a Sérvio Túlio, ficaram conhecidas como reformas servianas. O objectivo do rei, entretanto, não era propriamente beneficiar os plebeus, mas fortalecer o poder monárquico. A criação de uma classe plebeia vigorosa tinha por fim a neutralização do poder dos patrícios, ou seja, algo semelhante ao pretendido pelos tiranos, como Pisístrato, na Grécia. Mas em Roma essa política não teve o mesmo efeito.

  Reorganizou o exército, tomando como base o património económico de cada cidadão, fazendo uma divisão dos cidadãos em 5 classes. A reforma consistiu em dar entrada no exército a todos os proprietários, quer fosse patrícios ou plebeus. Para facilitar o recrutamento dividiu a cidade em quatro tribos e os homens em duas categorias: juniores (de 15 a 45 anos), empregues no serviço activo e seniores (de 45 a 60 anos) que formavam o exército de reserva. A legião foi a unidade táctica militar e nela se distinguiam: a infantaria pesada, a infantaria ligeira e a cavalaria. A legião dividia-se em centúrias, composta por 4.200 soldados de infantaria (juntou aos 3.000 da época anterior 1.200 soldados, os velites), distribuídos em 60 centúrias com 60 ou 30 homens cada uma e 300 de cavalaria. Agregou mais duas centúrias de operários (fabri) com a missão de transportar as
máquinas de guerra e três centúrias de corneteiros e trompeteiros (cornicines tubicines).

  Sérvio rodeou com uma muralha as sete colinas que constituíam a cidade, ficando no seu centro o Foro Romano.

Ruínas do Fórum Romano

26.4.05

Tarquínio Prisco

  Tarquinio, o antigo (Prisco), etrusco, oriundo de Tarquinia sucedeu a Anco Márcio. Rico graças às suas actividades comerciais, chamava-se Lucumón quando se instalou em Roma ganhando a confiança da elite romana. Continuou a guerra contra as tribos vizinhas atribuindo-se a ele a conquista de toda a Lacio, secou os terrenos pantanosos da cidade, construindo neles o Foro Romano, deu aos romanos a arte da adivinhação e construiu o templo de Júpiter Capitolino. Instituiu os jogos públicos construindo para o efeito o Circo Máximo, um hipódromo em forma de U, em que cerca 250.000 pessoas iam assistir a corridas de cavalos e de carros – que tinham a sua origem nos rituais oferecidos a Ceres, deusa dos cereais. As emoções destas perigosas competições só foram ultrapassadas, mais tarde, pelas sangrentas batalhas no Coliseu. Mandou construir a Cloaca Máxima, o «grande esgoto», sendo considerado o momento mais importante da civilização romana, que não era mais do que a junção dos canais existentes num simples esgoto, que não só ajudou a aproveitar e desenvolver o Vale do Tibre, como criou também um esgoto central que transportava os desperdícios, demonstrando uma preocupação pela higiene sem paralelo até aos nossos dias. Morreu assassinado pelos filhos de Anco Márcio tendo-lhe sucedido Sérvio Túlio.







Tarquínio Prisco funda o templo a Júpiter Capitolino






23.4.05

Anco Márcio

  Anco Márcio (640-616 a.C.) de origem sabina era sobrinho de Numa Pompílio. Voluntarioso e empreendedor, ampliou os limites de Roma até o mar Tirreno onde fundou o porto de Óstia (640 a.C.) . Levantou a prisão Mamertina, para delinquentes públicos, construiu a Ponte Sublícia sobre o Tiber e o aqueduto de Aqua Márcia. Auxiliado pelos etruscos lutou contra diversos povos a quem derrotou, aumentando com eles a população de Roma a quem lhes deu o direito de cidadania. Desde então passa Roma a ser a cidade das sete colinas com a incorporação dos montes Aventino, Capitolino, Celio, Esquilino, Palatino, Quirinal e Viminal. Assim Roma chegava ao mar.

  Segundo alguns historiadores ele havia intentado restabelecer em Roma o esquecido culto aos deuses. Estabeleceu a classe plebeia entre os seus prisioneiros latinos, tendo-os fixado residência no monte Aventino.




                                        Sestércio, bronze. R/ Il
                                        porto de Óstia
                                        Roma, 64 d.C.





21.4.05

Túlio Hostílio

 Túlio Hostílio (672 – 640 a.C.) sucedeu a Numa Pompílio. De origem Romana, este rei era um guerreiro, famoso pela sua crueldade, fomentou a luta entre Roma e Alba Longa. Como os exércitos de ambas cidades julgavam ímpia uma batalha entre duas cidades unidas por tantos laços, decidiram chegar a uma solução de compromisso. Um duelo entre três jovens albanos, os 3 Curiácios, e três jovens romanos, os 3 Horácios. Quem sobrevivesse daria a vitória à sua cidade. Começado o duelo dois albaneses ficaram feridos e dois romanos mortos. O terceiro romano utilizou um estratagema, fugiu e quando viu que os três albaneses estavam suficientemente separados, matou-os um a um. Roma ficou vencedora e sendo assim os vencidos deveriam aliar-se a Roma lutando contra os seus inimigos. Porém os albaneses não se sentiam muito comprometidos e numa batalha o rei albanês manteve todo o tempo, com o seu exército, à espera do desenlace da batalha e só quando verificou que a luta pendia para o lado dos romanos é que decidiu avançar contra o inimigo. Túlio irritado mandou atar o rei albanês de mãos e pés a dois carros em direcção oposta, que destroçaram o seu corpo. Os romanos invadiram Alba e escravizaram os seus habitantes. Segundo a lenda Túlio morreu aniquilado por um raio.



O Juramento dos Horácios



20.4.05

A monarquia em Roma: Os primeiros reis. Numa Pompílio

 Os três primeiros monarcas de Roma caracterizam-se pelo facto de terem conotações religiosas. Numa Pompílio, Túlio Hostílio e Anco Márcio foram eleitos mediante os auspicia (senado). Os chefes das gens (gens era o resultado de várias famílias com o antepassado comum), reunidos em conselho elegiam o rei. Estes chefes governavam no interregnum (o «inter-rex») cujo mandato durava cinco dias, período de tempo que se estabelecia para a eleição de um novo rei. O rei tinha eleição vitalícia, e era o intermediário entre os deuses e os homens. Exercia um poder quase absoluto e a chefia do exército em campanha.




Numa Pompílio

 Depois da morte de Rómulo, sucedeu-lhe Numa Pompílio, que governou 43 anos, de 715 a 672 a.C. De origem Sabina, cidade de Cures, Numa Pompílio foi considerado um homem muito piedoso e justo. Foi durante o seu reinado que se criaram as principais instituições religiosas inspirado pela ninfa Egéria e introduz o calendário de doze meses.








18.4.05

Rómulo e Remo

 A lenda de Rómulo e Remo é a lenda fundadora de Roma. Quando a sua mãe, uma princesa latina, foi assassinada por um tio malvado, os bebés gémeos, Rómulo e Remo, foram lançados ao Tibre. Salvos por uma loba, que os amamentou e os tratou como se fossem seus filhos, incutiu neles ferocidade e sentido de lealdade. Quando chegaram à idade adulta, resolveram fundar conjuntamente uma cidade, mas acabaram por se defrontar e inclusivamente travaram uma luta de morte. Rómulo, o vencedor fundou a cidade que ficou com o seu nome. A lenda fornece inclusivamente datas precisas: Roma foi fundada, sem margem para dúvidas, em 753 a. C., Rómulo foi o primeiro Rei e foi venerado como uma divindade protectora de Roma.


templo   gemeos
           Templo dedicado a Rómulo                           Caricatura dos gémeos


moeda
A primeira moeda com imagem de Rómulo


 Assassino de seu irmão, mas ambicioso em seus projectos, Romulus começou a povoar a cidade com pastores, bandidos, escravos fugitivos e aventureiros. Como não havia mulheres, Romulus fez anunciar uma grande festa com jogos extraordinários. Os sabinos dirigiram-se para lá com suas mulheres e filhos. Durante a festa, os companheiros de Romulus raptaram as sabinas. Depois de muita luta, as sabinas concordaram em viver em paz com os romanos. Titus Tacius, rei dos sabinos, dividiu o trono com Romulus. Após a morte de Tacius, Romulus reinou sozinho até sua misteriosa desaparição numa tormenta tendo sido divinizado com o nome de Quirino.

15.4.05

A População

 Investigações arqueológicas no Monte Palatino, afirmam ter sido o solo italiano habitado por tribos primitivas já no tempo do Paleolítico. A tradição considera os Lígures, raça indo-europeia, como os representantes desse rudimentar grau de civilização. Ali, naquilo que era pouco mais do que um aglomerado de cabanas de pedra toscamente construídas, viveu uma comunidade de pastore latinos, os italiotas, que apascentavam os seus rebanhos nos terrenos pantanosos do vale do Tibre.

 Enterravam os seus mortos em sepulturas em forma de cabana. Entre os séculos IX e X, servindo-se do mar, aportaram à Itália dois povos de civilização bastante adiantada: os etruscos, os habitantes nativos da actual Toscânia, e os gregos. Foi o século VI o seu período áureo recebendo a Velha Itália, do génio criador etrusco, admiráveis criações artísticas em barro policromado, sarcófagos, quimeras, espelhos, artigos de ferro e bronze e admiráveis lições no aperfeiçoamento agrícola. Os pântanos do Tibre foram drenados para os tornar o centro de uma cidade maior. Com esta área recuperada como fórum ou praça de mercado o aglomerado disperso adquiriu um único ponto central urbano. Construiu-se um templo dedicado a Júpiter, o grande deus dos latinos. A urbs embora não muito grande, dispunha de requisitos necessários para ser a morada dos reis – os chefes militares latinos que governavam as regiões circundantes em nome dos Etruscos. A Grande Grécia, no extremo sul da península, foi também um centro admirável de cultura e progresso.


mundo agricola
Relevo romano do mundo agrícola e pastoril dos antigos itálicos


História política


 Pode-se apontar três evoluções, de carácter político, que Roma sofreu:


Realeza – 753 – 509 a.C.


República – 509 – 29 a.C.


Império – 29 a.C – 476 d.C.


Período da realeza


 Sobre a origem e à fundação de Roma os escritores latinos da antiguidade recorrem à «tradição romana» como fonte de inspiração. A lenda de Eneas (que Virgílio imortalizou no seu poema – a Eneida), que nos conta a chegada duma colónia Troiana sob o comando daquele herói, que desposara Lavínia, filha do rei Latino, lançando mais tarde os fundamentos da cidade de Lavinium. A mesma lenda conta-nos a história de Rómulo e Remo, filhos da Vestal Reia Sílvia e do deus Marte que fundaram no alto do monte Palatino uma cidade que recebera o nome de Roma, depois de Rómulo ter assassinado o seu irmão.


12.4.05

ITÁLIA - a origem do nome

 A península foi designada ao longo dos séculos por diferentes nomes, que aludiam à sua posição geográfica aos seus produtos ou às suas divindades. Os Gregos chamavam-lhe «Hespéria», ou seja, «terra do entardecer»; «Enótria», que significa «terra do vinho» e também «Satúrnia» pois, segundo a lenda, o deus Saturno (antiga divindade itálica das sementes) foi desterrado por Júpiter e refugiou-se no Lácio que tomou o nome se saturnia tellus, (terra de Saturno). «Ausónia», do nome dos Ausónios, que habitavam a região circundante do golfo de Nápoles, foi outra denominação usada para designar a província. «Itália» parece derivar de Italói, nome grego que, por sua vez, vai buscar a origem a «Vituli» ou «Viteli», povo que ocupava a ponta extrema da península, uma zona ao sul da actual Catanzaro. Estas gentes denominavam-se assim porque tinham como protector o touro que em latim se diz vitulus. Até ao século V a.C. este nome designava apenas o território dos Brúcios, a parte meridional da Calábria. Depois o nome alargou-se à Campânia a Tarento, até que, por volta do século III a.C., depois das conquistas romanas, aplicou-se a toda a região peninsular ao sul do Magra (Ligúria) e do Rubicão (Romagna). A «Gália cisalpina», ao norte da linha de demarcação, não se incluiu na Itália senão em 49 a.C., quando foi concedido aos habitantes desta região o direito de cidadania. Com a reorganização política levada a cabo por Augusto em 27 a.C., as fronteiras ampliaram-se até à actual Nice (para oeste) e a Ístria (para este). Até ao século III d.C., o nome de «Itália» excluía as ilhas adjacentes, que só ficaram ligadas a ela administrativamente até ao tempo do imperador Diocleciano (que reinou de 284 a 305).

Itália – Noção geográfica

 A Itália, banhada a oriente pelo mar Adriático, e pelo mar Tirreno a ocidente, descia dos Alpes até ao estreito da Sicília, que a separava do norte de África, na parte central do sul europeu. Os montes Apeninos dividem-na em duas partes de características diferentes: a oriental mais montanhosa e irregular, desce abruptamente sobre o Adriático, enquanto a parte ocidental suaviza os seus contrafortes em húmidas e férteis planícies, tornando a costa do mar Tirreno mais hospitaleira. A riqueza dos solos prendeu-os à terra e atraiu a presença de povos colonizadores.

          Geograficamente, dividia-se em:





Itália Continental e Gália Cisalpina




– Gália Transpadana e Gália Cispadana ou Emília.

Itália Peninsular
– Etrúria, Úmbria, Sabínia, Lácio, Campânia, etc.

Itália Insular
– Sardenha, Córsega, Egatas, Lipárias e Sicília.


11.4.05

O Império Romano

 A civilização da Roma antiga influenciou o nosso mundo ocidental. Do século VI a. C. ao século V d.C., o Império Romano no seu auge, dominou e manteve unificado, desde a Escócia ao Egipto, e de Marrocos ao Mar Cáspio. Nunca outra civilização se fez perdurar tanto nos hábitos e costumes, como na grandiosidade do seu legado que ainda hoje permanece quase perene. As suas construções militares como a Muralha de Adriano, as extensas estradas, como a Via Ápia, os anfiteatros, as habitações com aquecimento central, balneários, as leis, influenciaram a nossa forma de vida civilizada.

 Os seus imperadores, as traições palacianas, a ascensão e a queda do Império, farão parte destes meus apontamentos. Colocado noutro local, chegou a hora de o mesmo ser lido por ordem cronológica como se de um livro tratasse. Este trabalho teve a colaboração, nesse local, de marc91 (o autor do tema), kelbeaumec, pinhomariajose, catarse e alguns mais que de uma forma ou de outra colaboraram e apoiaram este projecto.

 A todos o meu muito obrigado.

marius70