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20.5.08

Commodus

Commodus
(Lvcivs Aelivs Avrelivs Commodvs - Marcvs Avrelivs Commodvs Antoninvs)
Imperador – 180 a 192 d.C.

Cómodo




  O mimado Commodus, nasceu em 31 de Agosto de 161 d. C. em Lanuvium perto de Roma, era filho de Marco Aurélio e Faustina. É feito César pelo seu pai com apenas 5 anos (166) e em 177 é feito Augusto, tal e qual seu pai Marco Aurélio. Desde 178 até 180 participa nas guerras do Danúbio ao lado do pai. Torna-se único imperador com a morte de Marco Aurélio em 180. Retira de todos os territórios conquistados aos Quadi e aos Marcomanni, fazendo acordos com estes povos, que os humilharam e deixaram a sua capacidade bélica, praticamente inofensiva para Roma. Para que isto fosse possível, as vitórias brilhantes alcançadas por Marco Aurélio foram fundamentais. Condenou primeiro ao exílio e depois à morte a sua companheira Crispina. Em 182 descobre a 1ª conspiração para o matar, que é planeada pela sua irmã Annia Lucilla e pelo primo Marcus Ummidius Quadratus. Tanto Quadratus como Lucilla foram executados e, posteriormente, o prefeito do pretório Perénio e toda a família. Multiplicou os atentados àqueles que detinham um papel singular na vida civil e no governo, casos do Senado e das elites, excepção feita aos cristãos, demonstrando de igual modo um profundo aborrecimento e desconsideração pelo cargo que ocupava. Chegou a nomear em 189 vinte e cinco cônsules, sendo frequente os julgamentos nos tribunais serem resolvidos com dinheiro, vendendo igualmente cargos públicos, no governo e na magistratura.

  Commodus não ligava aos assuntos do Governo nem ao Império, pelo que a sua vida era uma festa constante, com um harém de 300 raparigas e 300 rapazes. Durante o seu período como imperador teve, contudo, o bom senso de escolher para as províncias e para o exército indivíduos com capacidades de administração, bem como o cuidado em atender as solicitações dos mais oprimidos, como o caso dos colonos africanos.

  A sua personalidade era singular. Tinha uma predilecção de gladiador (Cómodo teria sido concebido depois da sua mãe, Faustina, se ter apaixonado por um gladiador que vira ao longe. Marco Aurélio depois de consultar adivinhos, mandou matar o gladiador, Faustina terá banhado no seu sangue e deitaram-se a seguir. Faustina daria à luz Cómodo que, pelos vistos, teve mais do sangue do gladiador que do sémen do Imperador), auto denominando-se Hércules Romanus usando, à semelhança do seu herói, uma pele de leão e uma maça, sendo vaidoso, libertino e votado à loucura precoce. Nos seus últimos anos de vida Commodus costumava ir à arena e matava animais e gladiadores feridos. Segundo o historiador Cássio, ele matava sozinho na arena um tigre, um hipopótamo e um elefante. Cruel combateu 700 vezes no anfiteatro, o que chocava os Romanos, por saberem que o seu imperador se rebaixava ao nível de um escravo, como um gladiador. Convocava os senadores para o verem actuar na arena e teriam que o louvar: «Sois o senhor e sois o primeiro! De todos os homens afortunados, sois o vencedor!» Mesmo quando Cómodo cortou uma cabeça de avestruz e a levantou triunfante, os senadores e espectadores arrancavam folhas amargas das suas grinaldas e as mastigavam para não rebentarem em gargalhadas. Mais valia uma folha amarga que uma cabeça decepada.

  A loucura de Commodus, não podia continuar e, após diversos atentados, assim, a sua concubina preferida, Márcia, o Prefeito da Guarda Pretoriana Quintus Aemilius Laetus e o Conselheiro da Corte Eclectus armaram um plano para assassinar Commodus. Contrataram um gladiador chamado Narcissus para estrangular o Imperador na cama, o que viria a acontecer na noite de 31 de Dezembro de 192 (outra versão aponta para o dia 1 de Janeiro de 193). Roma estava finalmente livre da loucura de Commodus.


12.4.08

O Ensino no Império Romano

Dedico este tema a ti meu pequeno amigo brasileiro de Manaus, Rodrigo Raposo, com muitos Parabéns pelo teu 12º aniversário, um grande abraço!

“A Grécia conquistada conquistou por sua vez seu selvagem vencedor e trouxe a civilização ao rude Lácio”

Horácio

  Mas se os romanos inicialmente foram influenciados pela cultura grega, rapidamente deixaram de o ser pela facilidade com que o povo latino se adaptava e assimilava os costumes de outras civilizações conforme o Império se ia alargando nas suas fronteiras.

  No século II a.c., o pater familias concede à mãe, a matrona romana, os direitos sobre a educação de seus filhos durante a primeira infância, gozando aquela de uma autoridade desconhecida na Civilização Grega. Essa influência terminava logo que as crianças saíam da meninice por volta dos 7 anos. Caberá a partir daí, ao pai a responsabilidade de proporcionar ao filho a educação cívica e moral que passava pela aprendizagem constantes nas Leis das XII Tábuas (já aqui tratado) símbolo da tradição Romana.

Instrução Primária (ludus litterarius)



  Se é certo que a iniciação da criança nos estudos fica a cargo de um preceptor particular (em especial nas famílias aristocráticas), por volta dos sete anos a criança é confiada a um Mestre Primário – o litterator, “aquele que ensina as letras”, também designado por primus magister, magister ludi, magister ludi literarii, ou, como viria a ser designado no século IV a.c., o institutor. O primus magister é, em Roma, mal remunerado e pouco conceituado na hierarquia social.



  As crianças romanas, caso fossem de famílias ricas, faziam-se acompanhar à escola por um escravo, designado segundo a terminologia grega por Paedagogus (pedagogo) . Este poderia, em determinadas circunstâncias, ascender ao papel de explicador ou até mesmo de mentor, arcando assim com a educação moral da criança. O Paedagogus conduzia o seu pequeno senhor à escola, designada por ludus litterarius, e aí permanecia até ao final da lição. O ensino é colectivo, as meninas também frequentavam a escola primária, embora para elas o preceptorado privado pareça ter sido a nota dominante.

  As famílias pobres entregavam os filhos a uma escola privada fundada por profissionais.

  Cabe ao Mestre providenciar as instalações. Este resguarda os seus alunos debaixo de um pequeno alpendre protegido por um toldo – pérgula - nas proximidades de um pórtico ou na varanda de alguma mansão aberta e acessível a todos.

  As aulas são ministradas ao ar livre, invadidos pelos ruídos da rua de que estavam separados por alguns panos de barraca – o velum.

  As crianças agrupam-se em torno do Mestre que pontifica da sua cadeira – a cathedra - colocada sobre um estrado. O mestre é muitas vezes assistido por um ajudante, o hypodidascales. Sentadas em bancos ou escabelos (bancos compridos) sem encosto, as crianças escrevem sobre os joelhos num quadro preto, tabuletas e alguns ábacos.

  A jornada escolar da criança romana tinha início ao alvorecer e durava até ao pôr-do-sol. As aulas apenas eram suspensas durante as festas religiosas, nas férias de Verão (dos finais de Julho a meados de Outubro) e também durante as nundinae que semanalmente se repetiam no mercado.

  A ambição do professor limitava-se a fazer os alunos a aprender a ler, escrever e contar, e como dispunha de muitos anos para o fazer não se preocupava em aperfeiçoar os métodos de ensino. O programa compreendia a escrita em duas línguas (latim e grego) em primeiro pelo nome e a ordem das letras, de A a X, antes mesmo de lhes conhecer a forma e depois agrupá-las em sílabas e palavras. Estes três tipos de aprendizagem constituem as categorias sucessivas do abecedarii, syllabarii e nomirarri. Antes de passar à redacção de textos era ensaiada a escrita de pequenas frases bem como máximas morais de um ou dois versos. No estudo da aritmética contavam as unidades com os dedos, no cálculo das dezenas, das centenas e dos milhares, mexendo pedrinhas ou calcuti nas linhas correspondentes dos ábacos.



  Associada à leitura e à escrita encontra-se a declamação. A criança é incentivada a memorizar pequenos textos à semelhança do que ocorria na Grécia.

  Os estudantes demasiados lentos na decifração dos textos que tinham que recitar, ou se revelavam desleixados na cópia dos de linhas de verso podiam sentir o castigo pelo primus magister que apoiava a sua autoridade na vara ou na férula (palmatória), instrumento a que recorre para infringir os castigos nas crianças. “Estender a mão à palmatória”, manum ferulae subducere, é na verdade para os Romanos sinónimo de estudar.



  Os alunos são agrupados em classes, de acordo com o seu rendimento escolar. Os melhores alunos colaboram com o primus magister ensinando aos colegas as letras e as sílabas. O titulos (designação latina para quadro preto) é também uma invenção romana. Consiste num rectângulo de cartão preto em torno do qual os alunos se agrupam de pé, ordeiramente.

  Ao meio-dia, os alunos eram acompanhados até casa, onde comiam pão, azeitonas, queijo, figos secos e oleaginosas.

  Sobre a influência de Quintiliano, primeiro professor pago pelo estado, no Império de Vespasiano, altera-se profundamente o ensino. Alerta para a necessidade de se identificarem os talentos das crianças e chama a atenção para a necessidade de reconhecer as diferenças individuais e de adoptar diferentes formas de procedimento perante elas. Recomendava que se ensinassem simultaneamente os nomes das letras e as suas formas, devendo a eventual imperícia do aluno ser corrigida obrigando-o a reproduzir as letras com o seu estilete na placa dos modelos, previamente gravada pelo professor. É contrário aos castigos físicos, e portanto ao uso da férula. Recomenda a emulação como incentivo para o estudo e sugere que o tempo escolar seja periodicamente interrompido por recreios, já que o descanso é, na sua opinião, favorável à aprendizagem.

Fontes consultadas:
«Quando Roma Dominava o Mundo, (da Verbo)», «Em Roma – no Apogeu do Império - Jêrome Carcopino - Edição Livros do Brasil», «O Ensino em Roma - Cristina Fulgêncio e Dulce Silvério», «Mercado de Trabalho Romano – Joana»


25.2.08

As Guerras Marcomanas



  Em 169 o Império está à beira da catástrofe. Os Romanos haviam lutado contra os Partos, e quando a guerra terminou, os soldados trouxeram a peste para Roma, deixando o exército de rastos e a Itália a braços com uma grande epidemia. Aproveitando esta fraqueza, os Marcomanos, Quadi, Suevos e Vândalos lançam uma grande ofensiva a partir da República Checa. Este exército Germanico chega mesmo a lançar cerco à cidade de Aquileia e conquista a Panonia. Marco Aurélio irá assim passar o resto da sua vida em tendas militares, para expulsar os bárbaros.

  Em 172 a 12º Legião Fulminata, quase foi destruída, caso não tivesse chovido, impedindo os Quadi de dar o golpe final. A partir daqui a sorte da guerra muda, e um a um os aliados dos Marcomanos rendem-se, e os que ainda combatem são expulsos de novo para a Germania. Com um exército em grande parte contaminado pela praga, parece um milagre que Marco Aurélio tenha conseguido empurrar os Germanicos para fora dos limes outra vez. As guerras marcomanas duraram de 169 d.C.– 179/180 d.C. e acabaram com a vitória Romana. Foi uma das maiores guerras travadas pelo Império desde as Guerras Púnicas, e custaram caro (o próprio Marco Aurélio teve de vender a sua mobília para pagar aos soldados, evitando assim subir os impostos). Durante este período Marco Aurélio escreveu um dos mais famosos livros, Meditações, que reflectem bem o seu espírito estóico.




Maximus, personagem do filme «Gladiador», é o General que derrota definitivamente os Bárbaros na Germania.









11.1.08

Marcus Aurelius

MARCUS AURELIUS
(Marcvs Aelivs Avrelivs Vervs)
Imperador - 161 a 180 d.C.

Marco Aurélio



  Chamado também Marco António, nasceu em Roma a 28 de Abril de 121. Filho de Annio Vero e Domicia Cavilla, cuja família remonta a Numa. À morte de seu pai, Adriano lhe dá o nome de Annio Veríssimo, e quando veste a toga viril aos quinze anos, Annio Vero. Este imperador, quando adopta Antonino pouco antes de morrer, faz com a condição de que Antonino adopte o nome de Marco Aurélio. Em consequência da adopção o jovem Annio Vero passa a formar parte da família Aurélia, a de Antonino e muda o nome para Aurélio. Antonino oferece a mão de sua filha Faustina quando ele era ainda muito jovem, casará com ela mais tarde, o designa cônsul em 139 e concede-lhe o titulo de César, mais tarde por proposta do Senado, ingressa no colégio de pontífices, o que é confirmado pelas moedas em que aparece com os atributos pontifícios e a legenda PIETAS AVG, com data do seu primeiro consulado. Tendo todas estas honras, Marco Aurélio seguiu levando a vida simples de sempre e prosseguiu com os estudos. Estudou literatura grega e latina, Retórica, Direito, Pintura e Filosofia. Filiado na escola dos filósofos «estóicos» retratou-se no seu livro «Pensamentos». No ano 146 é elevado ao título de Tribuno.



  Quando desaparece Antonino, em 161, Marco Aurélio designa Ceonio Cómodo seu irmão adoptivo para compartilhar o poder, dando-lhe o nome de Lúcio Aurélio Vero Cómodo. É um acontecimento que serve para dar amplas retribuições a soldados e oficiais. A concórdia existente entre ambos imperadores fica patente em numerosas moedas.

  Ao chegar Marco Aurélio ao poder, o rei dos Partos, Vologeses, declara guerra a Roma. Vero marcha para a Síria para combatê-lo e Marco Aurélio permanece na capital. Os romanos apoderam-se de várias cidades e penetram na Armenia e no país de Medea. Em 165, os Partos pedem a paz e cedem aos romanos a Adiabena e Mesopotâmia. Vero regressa a Roma no ano seguinte e os imperadores que já gozavam o título de "Arménio" por terem vencido Artejia, juntam os de "Médio", "Pártico" e "Muito Grande".Em 167, toda a classe de calamidades assola o império, fome, peste, guerra iminente com os Britanios, invasão dos Catios na Germania e Recia, mas com vigilância e constante firmeza Marco Aurélio resolve estes males e faz distribuições ao povo para o ajudar a suportar os rigores da fome.

  Segundo historiadores chineses, nesse mesmo ano mandou o imperador da China dois mensageiros com o objectivo de comerciar a seda. No ano 169, estala a guerra com os Marcomanios, conflito que inspira um tal terror que o imperador mandou vir sacerdotes de toda a Itália para celebrar um "Lectisternium" de sete dias. Ambos os imperadores partiram a comandar os exércitos romanos, mas Lúcio Vero morreu de doença no carro em que ia sentado com seu irmão. Marco Aurélio terminou a guerra com uma estrondosa vitória, jamais acontecida com o exército romano. Segundo conta Capitolin, derrotou o inimigo junto ao rio Danúbio em 172, façanha que aparece nas moedas. A Germania foi submetida no ano seguinte.

  Correu o rumor que Marco Aurélio tinha morrido na batalha, Avido Casio, governador da Síria toma o título de imperador do Oriente no ano 175. Perante tal situação, Marco Aurélio adiantou a entrega da toga viril a seu filho Cómodo e marchou contra o rebelde, que já tinha morrido. Percorreu o Egipto e Síria, perdoou aos habitantes de Antioquia terem-se unido ao partido de Casio, visitou Atenas e em 23 de Dezembro de 176, junto com Cómodo venceu os Sármatos. No ano seguinte contrai núpcias com Crispina e faz novas doações ao povo. No ano 179, vence pela segunda vez os Marcomanios, assim como a Hermundurios, Quades e Sármatas que se tinham coligado contra ele.

  Marco Aurélio, chamado também o Filósofo, é considerado por numerosos historiadores como o melhor imperador romano. Foi considerado o mais «sábio dos imperadores e o mais virtuoso dos filósofos». Na verdade, é muito difícil escolher entre ele e Antonino. Três vezes cônsul e oito generais (imperator), teve os títulos de "Germánico" em 172, "Sarmático" em 175. De Faustina teve (sem contar vários filhos mortos de tenra idade) Lucilia, Cómodo e Antonino (o gémeo morto aos quatro anos), Sabina, Domicia, Faustina e Antonio Vero. A justiça e a caridade foram o lema da sua vida mas isso não evitou de mover a quarta perseguição contra os cristãos.

  Faleceu em Vindobona (actual Viena). antiga região de Europa Central, sobre o Danúbio médio, conquistada pelos Romanos entre 35 a.C. e 9 d.C.

  Sucedeu-lhe o filho, Lúcio Aélio Aurélio Cómodo.

  Esta é a inscrição encontrada sobre uma sepultura em Viena (Vindobona).

T. CALIDIVS
PCAM SEVER
EQITVMOPEIO
DICVRCOLIALPINI
ITEM LEGXV APOLL
ANNORVUM XXXII
Q.CALIDIVS FRATRI
POSVIT


7.12.07

Lucius Verus

LUCIUS VERUS
(Lvcivs Ceionivs Commodvs)
co-Imperador c/ Marcus Aurelius– 161 a 169 d.C.

Lúcio Vero



  Filho de Lucius Aelius Caesar, Lucius Ceionius Commodus nasceu em Roma no ano 130 d.C. Quando Hadrianus adoptou Antoninus Pius como seu sucessor, este, por sua vez, adoptou Lucius como um dos seus sucessores em virtude do compromisso assumido com o seu antecessor: o imperador Hadrianus anunciou em 136 como sucessor Lucius Commudus, porém com a morte deste, Hadrianus escolheu Antoninus para lhe suceder com o compromisso de adoptar como filhos dois jovens: Lucius Verus, filho de Commudus, e Marcus Annius Verus que o imperador chamava de Veríssimo. Lucius, que passou a chamar-se Lucius Aurelius Verus, ficou noivo de Faustina II, filha de Antoninus Pius, mas o noivado foi desfeito logo após a morte de Hadrianus. Durante o reinado de Antoninus Pius, Lucius partilhou a educação dada a Marcus Aurelius (aparece também como escritor e destinatário nas cartas de Frontão), embora aparentemente ocupasse um lugar secundário. Tomou parte, com Marcus Aurelius, nos conselhos do imperador.

  Diz-se que gozava os prazeres da vida e gostava muito de desportos, principalmente dos espectáculos de gladiadores. Tornou-se cônsul pela primeira vez em 154, e pela segunda (com Marcus Aurelius) em 161. Quando Antoninus Pius morreu (7 de Março de 161), Lucius tornou-se co-imperador junto com Marcus Aurelius, por insistência deste, embora fosse dez anos mais moço, tendo o Senado concedido a Lucius Verus o poder tribunício, o imperium proconsular e o título de augustus, elevando-o ao mesmo nível do irmão. Ficou noivo da segunda filha de Marcus Aurelius, Lucilla, com quem se casou por volta de 164.

  Na primavera de 162, Lucius foi para o Oriente para enfrentar a ameaça dos partos, e lá ficou até eliminá-la, com as vitórias de 165-166. Voltou para Roma em 166 e partiu para o norte, com Marcus Aurelius, em 168, passando o Inverno em Aquiléia. No início de 169, quando se dirigia para a fronteira do norte, morreu de ataque cardíaco perto de Altino.



Denário com o busto de Lucille

27.10.07

Antonino Pio

ANTONINUS PIUS
(Titvs Avrelivs Fulvius Boionivs Antoninvs)
Imperador - 138 a 161 d.C.

Antonino Pio



  Imperador romano de 138 a 161, de nome completo Titus Aurelius Fulvus Boionius Antoninus, nascido em Lanúvio em 86 e falecido em 161, provinha do seio da burguesia tradicional do Lácio.

  Pio mereceu este título pelo seu respeito para com todos, homens e deuses. Foi também chamado de «Imperador perfeito» pela sua doçura, serenidade e no desprezo pela vã glória. Amigo do seu amigo, aceitava de bom grado um bom conselho.

  Após a sua nomeação como cônsul, é enviado pelo imperador Adriano para a zona asiática com a sua autoridade reforçada com o título de procônsul. Aqui granjeou o respeito e a estima de muitos dos seus compatriotas. Das obras que empreendeu durante a sua vigência, destaca-se a muralha defensiva que edificou na Escócia em 143, entre o firth de Forth e o de Clyde e que permitiu a defesa do território aquando dos avanços das tribos nórdicas.

Adriano adopta-o como seu protegido em 138, subindo ao trono imperial no mesmo ano. Marca, conjuntamente com os seus antecessores Trajano e Adriano e com o seu sucessor Marco Aurélio, a chamada Idade de Ouro do Império Romano, dando inclusive o seu nome como qualificativo dinástico ao grupo de sete imperadores romanos que governam entre 96 e 192.


Retrato de Faustina, a Jovem, filha de Antonino Pio e esposa de Marco Aurélio


Muralha de Antonino



  Com o intuito de proteger a Bretanha romanizada das tribos bárbaras da Escócia, Antonino ordena a construção de uma muralha cerca de 50 km a norte da de Adriano. Com 59 km de extensão e feita entre Bo'ness (a Leste) e Old Kilpatrick (a Oeste) a Muralha de Antonino assinala o momento em que os Romanos ocuparam a máxima extensão da Bretanha.

  Demorou 2 anos a ser construída (140d.C.-142d.C.) e conseguiu reter os povos bárbaros durante 39 anos. Em 181 os povos do Norte empurraram novamente os Romanos para a Muralha de Adriano. No final do século II, a ideia de reconquistar o território entre as 2 muralhas já havia sido abandonado.

27.9.07

Miróbriga

  Marius70 olha extasiado a ruínas romanas que se estendem sobre o seu olhar. Está em Miróbriga.

  Muito próxima da vila de Santiago do Cacém, Miróbriga (topónimo de origem celta), foi inicialmente, na zona do Castelo Velho, povoada por uma população de origem céltica por volta do século IV a. C.. Fabricava louça modelada à mão e decorada por cordões.

  Miróbriga foi fortificado e urbanizado, acentuando o seu desenvolvimento nos séculos II e I a.C..

  A Romanização veio alargar o povoado indo da zona escavada até à Aldeia do Chãos. Foi elevada à categoria de civitas (cidade), teria possuído magistri e município a partir do século I d.C. conforme análises das inscrições encontradas.

  De Miróbriga como topónimo foi encontrada esta inscrição numa lápide descoberta perto das ruínas (Santa Cruz):

  «Consagrado aos deuses Manes, Gaio Pórcio Severo, mirobrigense céltico, faleceu aos sessenta anos de idade. Aqui jaz e que a terra lhe seja leve».

  Três inscrições, duas dedicadas a Vénus e uma a Esculápio, foi considerado a interpretar como templos duas construções situadas no Castelo Velho.

  Para servir a população local ou os peregrinos que afluíam ao santuário, Miróbriga dispunha de termas, compostas por dois edifícios construídos em períodos diferentes com utilização de mármores e decoração de frescos, possivelmente destinados ao uso feminino e masculino.

  Entre os séculos I e II d. C., surgem os compartimentos habituais neste tipo de edificação, ou seja, uma zona de entrada, com salas de vestiário e jogos, e uma zona de banhos frios - frigidarium, de banhos aquecidos - caldarium e tepidarium e o laconium (sala destinada a provocar a transpiração). Duas latrinas sobre a corrente de água que se iria juntarem à do esgoto das termas demonstra bem a qualidade de vida que o Império Romano trazia aos povos e países conquistados.

  As termas situam-se junto a uma ribeira, no sopé da colina do santuário.



  Marius percorreu todo aquele percurso por uma estupenda calçada romana. Viu aquelas termas e imaginou o tempo em que homens mulheres e crianças ali se banhavam, riam, jogavam e desfrutavam de mente sã em corpo são que o obscurantismo da Idade Média tudo fez para apagar.

  Na zona mais elevada de Miróbriga, foi erigido o forum, no centro do qual é visível um templo eventualmente dedicado ao culto imperial, assim como um outro consagrado a Vénus.



  Circundando o forum desenvolve-se toda uma zona constituída por diversas construções de funcionalidade ainda mal conhecida, assemelhando-se, todavia, a duas das edificações mais comuns nos fora provinciais, ou seja, à cúria e à basílica.

  A Sul, por sua vez, desenvolvia-se a área comercial, por excelência, caracterizada pela presença de diversas lojas, as tabernae.

  Miróbriga contava com um circo que comportaria cerca de 25 000 espectadores. Este circo é o único conhecido em Portugal.

  No Museu da Estação Arqueológica de Miróbriga podemos ver um espólio que nos fará pensar que afinal tudo aquilo que hoje utilizamos na vida doméstica diária, desde os botões, às agulhas, às cânforas etc., já os romanos se serviam disso. Como me disse o empregado do IPPAR, os romanos só não tinham era computadores.

Fontes consultadas: «Uma importante estação arqueológica-Miróbriga» À Descoberta de Portugal das Selecções do Reader’s Digest e «Estação Arqueológica de Miróbriga do IPPAR».



31.7.07

Lucius Aelius

LUCIUS AELIUS
(Lvcivs Cionivs Commodvs Aelivs Caesar)
Caesar – 136 a 137 d.C..



  Descendente de ilustre família senatorial que começou a atingir preponderância no reinado de Vespasianus, Lucius Cionius Commodus era filho de cônsul. No ano de seu próprio consulado, foi adoptado por Hadrianus como seu filho e sucessor (ao mesmo tempo, sua filha Fabia ficou noiva do jovem Marcus Aurelius). Adoptou o nome de Lucius Aelius Caesar, foi designado cônsul para o ano 137d.C. e recebeu o privilégio do poder tribunício. Foi então enviado ao Danúbio com responsabilidade militares, de forma a prepará-lo para o poder imperial que deveria assumir. Voltou a Roma no Inverno de 137, ficou doente na véspera do ano novo e morreu em Janeiro de 138, talvez de tuberculose.

  Devido à morte de Lucius, Hadrianus adopta como seu protegido Titus Aurelius Hadrianus Antoninus (Pius) em 138, subindo este ao trono imperial no mesmo ano.

  O filho de Lucius Aelius, Lucius Verus, foi adoptado por Antoninus devido a compromisso assumido por este ao imperador Hadrianus.



6.7.07

Panteão, Roma

  Tal como o nome o sugere, o Panteão de Roma foi dedicado a todos os deuses, ou, mais especificamente, às divindades planetárias que, em número de sete, justificam os nichos com altares existentes no interior da cella.

  O edifício que actualmente se observa no Campo de Marte foi mandado erguer entre 118 e 128 pelo imperador Adriano que, segundo alguns autores, terá participado activamente na sua concepção. Substitui uma construção mais pequena, consagrada a Júpiter, construída por Marcus Agrippa em 27 a. C. que sofrera um devastador incêndio.

  Exteriormente, este edifício é formado por um tambor cilíndrico liso de quarenta e quatro metros de diâmetro, sem decoração, que contém a cella do templo, coroada por uma cúpula de curvatura suave, rematada interiormente por uma série de degraus concêntricos. A entrada no templo é marcada por um profundo pórtico, solução tradicional para os templos romanos de planta rectangular. Originalmente este pronaus apresentava um envasamento alto ao qual se subia por largos degraus, no entanto, a subida do nível da praça soterrou este elemento arquitectónico. Para além de constituir um átrio que resolve a transição entre exterior e interior, este pórtico de três naves e oito colunas responde a uma vontade genuinamente romana de criação de uma fachada monumental.

  No entablamento desta fachada, coroada por um amplo frontão, Adriano mandou colocar uma inscrição de Agripa, aproveitada dos restos do edifício anterior.

  A parede do templo é articulada por oito nichos profundos, alternando a forma rectangular com a semicircular, cada um deles fechado por três colunas. Sobre este nível e separado por uma cornija ergue-se o tambor de suporte da cúpula, ritmado por aberturas rectangulares.

  A cúpula tinha um sentido eminentemente simbólico, representando a abóbada celeste. Na sua feitura foi utilizado o cimento romano (cuja receita exacta se perdeu até aos nossos dias).

  O revestimento das paredes e do pavimento em mármore colorido conservam-se tal como foram definidos pelos romanos. Também originais são os caixotões da cúpula, embora tenha desaparecido a camada dourada que a recobria.

  Nos inícios do século VII (em 609), o edifício foi consagrado como igreja, nesta altura os grandes nichos laterais foram redecorados, recebendo imagens cristãs.

10.6.07

O Tabuleiro

  Este tabuleiro foi descoberto nas escavações em Corbridge, Northumberland.

 


  Dados: os Romanos conheciam duas variedades. os autênticos dados, "tesserae" e os astrálagos (tali), feitos com os ossos do calcanhar de ovelhas, vitelos ou outros animais, ou com a sua reprodução em metal.

 A lei romana só permitia a prática de jogos de azar durante as Saturnais, mas apesar disso, foram muitos os que se arruinaram por causa destes dados...




  Na imagem os autênticos dados, "tesserae" e os astrálagos (tali).



... E pensar que Ontem assim como Hoje, os soldados jogavam aos dados nos intervalos das batalhas. Fiz isso muitas vezes em Cabinda em tempos de guerra.

12.5.07

Adriano

HADRIANUS
(Pvblivs Aelivs Hadrianvs)
Imperador - 117 a 138 d.C.

Adriano



  Imperador romano (76-138) de 117 a 138 nascido em Itálica (actual Espanha). Era sobrinho do imperador Trajano, seu tutor, a quem sucedeu. Hábil administrador, durante o seu reinado, foi um viajante incansável. Percorreu todo o império para examinar de perto as províncias e as reformas que necessitavam. Amante das letras e das artes, implementou uma profunda reforma na administração e em 131 editou um código de leis para ser aplicado em todo o império o Edito Perpétuo compilação judicial que rege o império até ao tempo de Justiniano. Abandonou as campanhas de Trajano na Mesopotâmia e adoptou uma política defensiva, fortificando as fronteiras do Império Romano. Na Inglaterra mandou construir em 112 o Muro de Adriano, que marcou durante séculos a fronteira entre a Inglaterra e a Escócia para a defender dos povos do norte.

  Inspirado na cultura grega, embelezou Roma e o império com monumentos, manda construir a Vila de Adriano, a ponte de Sant’Ângelo, o castelo do mesmo nome (que é o seu mausoléu).

  Construiu sobre as ruínas de Jerusalém a Elia Capitolina provocando a revolta judaica, sufocada em sangue.

  Adriano também era poeta e dele fica este poema:

Animula vagula, blandula

Animula vagula, blandula,
Hospes comesque corporis,
Quae nunc abibis in loca
Pallidula, rigida, nudula,
Nec, ut soles, dabis iocos?


P. Aelius Adrianus, Imp.

Ó alminha vagabunda e folgazã,
hóspede e companheira do corpo,
onde irás agora,
pálida, fria, nua,
privada dos costumados passatempos?


Muralha de Adriano

  Ocupada a Bretanha (no século I d.C.), logo sentiram os Romanos o carácter aguerrido e belicoso dos Pictos e Escotos do Norte da ilha. Na sua política de consolidação e defesa das fronteiras, o Imperador Adriano visitou a ilha em 122 e mandou construir um muro fortificado desde Solway Firth até ao estuário do rio Tyne, para defender a Bretanha Romanizada.

  Com 120 km de comprimento, esta enorme obra foi concluída em 126 pelos próprios soldados, que construíam e combatiam simultaneamente. Originalmente era de madeira e terra, só se tornando de pedra mais tarde. Cada "centúria" era obrigada a construir a sua parte do muro. Este tem uma fundação de terra ladeada por um vallum (fosso) de 4 m de profundidade. Sobre a terra, levantaram, assim, um muro em pedra, maciço, com cerca de 5 m de altura e 2,5 m de largura. Sobre ele seguia uma estrada militar, no sentido de facilitar as comunicações e os transportes, e 80 castelos com pequenas torres e fortins, onde se encontravam sentinelas. Ao longo do muro erguiam-se 17 fortalezas (o forte de Chesters, Northumberland, hoje em ruínas, era uma delas), o que completava o sistema de fortificação fronteiriça do Norte da Britannia.

  A distância entre as rodas deixados pelos sulcos dos carros romanos na entrada do forte em Housesteads no muro de Adriano, serviram dois mil anos depois, de bitola-padrão, para os caminhos-de-ferro britânicos Ver Aqui.

  Com o Imperador Antonino foi construído uma outra muralha 50 km a norte da 1ª - a Muralha de Adriano.

Em baixo, foto das ruínas do Muralha de Adriano e da placa alusiva, em Vindolande.
 




12.4.07

Ponte de Trajano

 Erguida em sólido e duro granito transmontano, a antiga Ponte de Trajano, sobre o leito do Rio Tâmega, ligava ambas as margens da importante civitas romana de Aquae Flaviae, correspondente à moderna cidade de Chaves. Esta ponte romana foi uma importante obra de engenharia do eixo viário que estabelecia a ligação entre Bracara Augusta (Braga) e a cidade espanhola de Astorga.

 Com um comprimento total do tabuleiro alcançando os 140 metros, os parapeitos em pedra que o resguardavam foram desmantelados e substituídos por grades de ferro no ano de 1880. A ponte flaviense de Trajano é formada por 16 arcos concêntricos, dos quais quatro se encontram soterrados por construções e sucessivas camadas de aluvião. Estruturalmente, os arcos de volta inteira que enformam a ponte são compostos por robustas aduelas alongadas, magnificamente talhadas e aparelhadas. Os arcos alternam com olhais, sendo os pilares da arcaria amparados por pontiagudos e fortes talha-mares. A jusante, estes pilares não são reforçados pelos usuais contrafortes.

 No centro da ponte, em ambos os lados, erguem-se os sólidos marcos-colunas, contendo importantes inscrições epigráficas comemorativas. Este par de marcos-colunas foi deslocado do seu lugar original, devido à construção de casas sobre a margem direita da ponte.

  A inscrição que se situa a montante informa que a ponte foi concebida na época do imperador Trajano (finais do século I, inícios do século II d.C.) com o esforço económico dos habitantes de Chaves.

 A jusante do resguardo da ponte destaca-se o outro marco-coluna, podendo-se ler neste uma extensa inscrição epigráfica latina, que invoca uma avultada obra pública (não identificada com segurança) realizada em cooperação entre os soldados romanos da 7.a Legião, os habitantes flavienses e mais nove povos circunvizinhos.


1.3.07

Trajano

DINASTIA DOS ANTONINUS
(98 a 192 d.C.)



TRAJANUS
(Marcvs Vlpivs Traianvs)
Imperador - 98 a 117 d.C.

Trajano



  Foi o primeiro imperador romano que não nasceu em Itália. Trajano nasceu no ano 53, na Itálica (actual Espanha), e morreu em 117, em Selinunte, na actual Turquia. Descendente de uma família espanhola, foi excelente general e meticuloso administrador. Duma disciplina rígida, afirmava que todos os imperadores deviam ser como ele: «simples cidadãos».

Foi o único conquistador da sua dinastia. Na sua época as fronteiras atingiram o máximo. O seu reinado (98-117) foi marcado pelo alargamento das fronteiras do império a Este, com a conquista da Dácia (o nome de România e a sua língua afirmam, ainda hoje, a sua colonização na Dácia), da Arábia, da Arménia e da Mesopotâmia, e pela implementação de um vasto programa de obras públicas que visava, entre outros objectivos, o melhoramento das condições de saúde. Mandou construir o fórum de Trajano e a Coluna de Trajano etc. Moveu a terceira perseguição contra os cristãos.

  Sucedeu-lhe Adriano, seu sobrinho e protegido.

Coluna de Trajano

  Este famoso monumento de Roma foi uma contribuição do Senado ao Forum de Trajano. Foi construído em 113 d.C. pelo arquitecto Apolodoro de Damasco e o que torna esta Coluna tão especial são os seus relevos que retratam as campanhas de Trajano na Dácia (actual Roménia) que levariam à sua anexação em 106 d.C. A Coluna tem cerca de 30 metros de altura e inicialmente continha uma estátua de Trajano, que viria a ser substituída por outra de São Pedro durante a Renascença.


 
Pormenores da Coluna de Trajano


Fórum

4.2.07

Nerva

  A Domitianus sucedeu-lhe Nerva, proclamado pelo senado. Governou apenas dois anos. Seguiu-se-lhe uma série de imperadores «adoptivos», iniciando a excelente dinastia dos Antoninus.
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ELEITO PELO SENADO (PROVISÓRIO)
(96 a 98 d.C.)



NERVA
(Marcvs Cocceivs Nerva)
Imperador - 96 a 98 d.C.

Nerva



  Marcus Cocceius Nerva nasceu em 8 de Novembro do ano 30 DC, em Narnia, cerca de50 km de Roma. A família de Nerva era rica, e os seus antepassados ocuparam cargos importantes (o bisavô havia sido cônsul em 36 AC, e o seu avô fora um conselheiro do Imperador Tibério). Só mais uma curiosidade, a mãe de Nerva era bisneta do Imperador Tibério.

  O jovem Nerva seguiu as pisadas do avô e bisavô, ocupando vários cargos imperiais, ganhando assim experiência, já nessa altura se notava o talento de Nerva para a política. Em 65 DC recebe honras especiais de Nero por ter descoberto a conspiração de Piso, para o assassinar, e em 71 DC foi apontado para cônsul pelo Imperador Nero. Em 90 DC é novamente apontado para cônsul desta vez pelo Imperador Domiciano, embora hajam rumores de que Domiciano fora abusado sexualmente por Nerva, na sua juventude, conforme é dito pelo Historiador Seutónio, mas como não há provas, temos de declarar Nerva inocente. Talvez um dia se ache algum documento que absolva ou culpe Nerva.

  Como Claudio, (que fora obrigado a ser imperador pelos pretorianos aquando do assassinato do Imperador Calígula), Nerva era um imperador relutante, alinhando mais com os conspiradores que mataram o paranóico Domiciano, mais para salvar a sua vida, do que por ambição (Domiciano estava sempre a condenar alguém à morte por traição). Assim em 18 de Setembro de 96 DC, toda a sociedade respira de alívio, cansada da tirania de Domiciano, e o Senado proclama Nerva Imperador no próprio dia! Nas ruas de Roma existe um misto de alegria e fúria: alegria pois o tirano Domiciano é morto e fúria pois as suas estátuas são destruídas e a sua rede de espiões desmontada, havendo mesmo espiões que são mortos. No entanto Nerva tem 66 anos, sendo um homem velho, e a esperança média de vida no tempo dos Romanos era mais baixa do que agora, pelo que o Imperador tem tendência a vomitar a comida e a ficar doente frequentemente. Não deixou de ser porém um governante generoso e amigável, com uma enorme popularidade tanto pelo povo Romano, como pelo Senado, pelo que recebe logo no principio do seu reinado o titulo de pater patriae (pai da pátria), que outros imperadores tiveram de esperar anos para receber. No entanto a redescoberta da liberdade pelos Romanos trouxe problemas a Nerva: é que se no reinado de Domiciano ninguém poderia fazer nada, com Nerva podia-se fazer o que se quisesse, pelo que era difícil para o idoso imperador manter a ordem.

  As políticas de Nerva foram feitas para manter elevada a sua popularidade, mas são sem dúvidas boas políticas: mandou restaurar aquedutos, fez um juramento público em que jamais executaria um senador, e mantendo-se fiel à sua palavra, não executou o senador Calpurnius Crassus, que havia conspirado contra ele, e distribuiu terra aos pobres. Para que estas medidas fossem possíveis usou muito da sua riqueza. Se bem que Nerva era popular entre o povo e o Senado, o exército não esquecia Domiciano, que havia dado o primeiro aumento de ordenado, desde Augusto. Aliás a crise entre Nerva e o exército atingiram o auge no Verão de 97 DC. O Imperador cometeu o erro de substituir Secundus e Norbanus, comandantes da Guarda Pretoriana (que haviam tido um papel fundamental no assassinato de Domiciano) por Casperius Aelianus (um apoiante de Domiciano). E assim a Guarda Pretoriana sob as ordens do seu novo líder marchou contra o Imperador, que ficou aprisionado no seu palácio, sendo-lhe exigido que lhes fossem entregues Secundus, Petronius e Parthenius devido ao seu envolvimento na morte de Domiciano. Nerva resistiu com coragem e bravura, chegando até a por o seu pescoço à frente de uma espada de um pretoriano dizendo que a única forma de conseguirem as pessoas que queriam executar era matá-lo. Como é óbvio o pretoriano não matou Nerva, mas estes acabaram por conseguir o que queriam.

  Petronius teve a morte mais misericordiosa, sendo decapitado com um único golpe de espada, mas a Parthenius foram-lhe arrancados os genitais e então decapitado. Como se isso não fosse o suficiente os pretorianos obrigaram Nerva a agradecer-lhes em público por terem feito estas execuções. Apesar desta humilhação, Nerva conservava o poder, mas ele sabia que um imperador que não contasse com o apoio do exército não iria ter um longo reinado. Mais do que tudo, Nerva era um grande político e se ele morresse deixaria o trono vazio. Decidiu portanto adoptar um herdeiro, e para manter a sua posição devia ser um herdeiro popular. Escolheu assim o governador da Germânia, Trajano. O então Governador da Germânia gozava de um enorme respeito pelo Senado e pelo exército. Foi uma jogada de mestre, nunca mais ninguém desafiou Nerva. A adopção deu-se no final de Outubro de 97 DC, no Capitólio.

  Nerva morreu em 28 de Janeiro de 98 DC devido a uma febre, após um breve reino de apenas 16 meses. Como sinal de respeito os seus restos mortais foram colocados no Mausoléu de Augusto, ao lado dos imperadores Julius-Claudianus. Parece até, que os deuses ficaram tristes com a sua morte, pois no dia do seu enterro houve um eclipse do Sol.

18.1.07

As Arenas

Arena de Arles

  As Arenas de Arles e Nimes são os dois exemplares de arenas do mundo romano que chegaram até nós em melhor estado de conservação. A arena de Arles poderá datar da época de Augusto. Aquando da ocupação árabe foi transformada em fortaleza, subsistindo ainda quatro torres.

A de Nimes é uma das que se inspiram no Anfiteatro de Flávio em Roma (Coliseu). É possível estabelecer uma ligação entre os dois edifícios, ambos erigidos durante a segunda metade do século I a.C., pela sua estrutura exterior e pelo aparelho de grandes dimensões.



Anfiteatro de Verona



 Embora já pouco reste da parte superior do anfiteatro de Verona (Itália) ele é considerado o exemplar mais bem preservado do mundo, ainda utilizado em produções operáticas anuais. A sua fachada, em três níveis de galerias, imita a do Coliseu ou Anfiteatro de Flávio em Roma, bem como as combinações de pórticos e escadarias, incluindo-se no período de grandeza que caracteriza a época de Augusto e dos Flávios. Servia de palco para a realização de lutas entre gladiadores (munera) e feras (venationes), entretenimento muito apreciado pelos romanos e que fazia parte integrante da sua cultura.

  Datado de 290 d. C., é um exemplar característico deste tipo de arquitectura romana, de planta circular com o espaço central aberto (arena), onde decorriam as lutas. Está separado da parte reservada ao público (cavea) por um muro alto (podium) que protegia os assistentes de eventuais ataques das feras. Estas eram libertadas do subterrâneo da arena (fossa bestiaria) enquanto os gladiadores e os condenados saíam por portas do podium. Numa fase inicial, este anfiteatro estava preparado para a realização de naumaquias – combate naval simulado, entre os Romanos; como demonstra a profundidade das galerias da arena.


28.12.06

Os Jogos Circenses

 As diversões de que dispunham os Romanos de todas as classes eram cada vez mais elaboradas. Em Abril, cerca de 250 000 pessoas iam ao Circo Máximo para ver corridas de cavalos e de carros – que tinham a sua origem nos rituais oferecidos a Ceres, deusa dos cereais, mas esquecidos nos tempos imperiais. Mas as emoções destas perigosas competições eram ultrapassadas pelas sangrentas batalhas no Coliseu, onde homens lutavam com animais selvagens (e cada vez mais exóticos), em venationes (caçadas), ou pelas lutas de gladiadores. O retiarius, com a sua rede e tridente, e o secutor (perseguidor), com um escudo e uma espada; o desarmado mas ágil mirmilo; o hoplomacus com um escudo gigante; o laquearius com o laço; Os Trácios armados, ao estilo da Trácia, com espadas pequenas, como foices – os tipos standard de gladiadores recordavam os inimigos da antiga Roma, agora dominados e lançados uns contra os outros na arena, para entretenimento dos seus conquistadores.

  Muitos gladiadores eram profissionais (há mesmo o caso de cidadãos das classes altas que escolheram voluntariamente essa carreira, talvez devido à excitação que lhe estava associada), mas também os criminosos eram por vezes condenados ao papel de gladiadores como forma de punição. Para muitos gladiadores, a carreira era uma pena de morte: poucos sobreviveram para se reformarem e tornarem-se treinadores.

 Os Romanos parecem ter tido uma sede insaciável pelo espectáculo, despendendo enormes somas de dinheiro e engenho em efeitos especiais e organização de espectáculos. Num espectáculo no reinado de Sétimo Severo no início do século III, um enorme modelo de uma baleia era arrastado pela arena e abria a boca para lançar 50 ursos contra um grupo de bestiarii (caçadores), armados de pequenas espadas os naumachiae eram acontecimentos realizados em estádios especiais, com aquedutos construídos propositadamente e drenagem, que permitia que as arenas fossem inundadas ou secas quando se quisesse. Estes acontecimentos, cujos custos de produção não foram igualados até que Hollywood os recriou, tinham a forma de batalhas navais em que os intervenientes eram criminosos – com real derramamento de sangue. Estes espectáculos mostram os Romanos no seu melhor e no seu pior, tanto nos sucessos tecnológicos como na crueldade.

  Nas suas origens de ritual sagrado, oferecer sangue apaziguava os espíritos dos mortos e as lutas de gladiadores tornaram-se uma afirmação da superioridade romana sobre os seus inimigos bárbaros – e por fim uma gratificação profana dos gostos mais sanguinários dos romanos civilizados.


Roma Antiga

20.11.06

Coliseu de Roma

  Grande anfiteatro oval romano que foi mandado construir por Flávio Vespasiano, por volta do ano 70 a.C., e foi concluído, com três andares, em 82 a. C. por Domiciano. No século III foi-lhe acrescentado mais um andar. Com uma altura de 48 m, as bancadas eram de mármore (entretanto desaparecido) e tinham capacidade para mais de 50 000 espectadores.



  Várias centenas de gladiadores e milhares de animais foram mortos nos 100 dias de festivais de banhos de sangue que marcaram a inauguração. A sua única preocupação era o grito lançado ao poder público: «panem et circenses» (pão e circo). Á medida que o império crescia, cresceu a duração e a frequência dos espectáculos sangrentos. O anfiteatro tinha um labirinto de celas e túneis para os gladiadores e animais. Haviam portas falsas onde podiam sair animais ferozes, rampas e manivelas para proporcionar espectaculares efeitos visuais.

  Foi com Cláudio, que a celebre frase dos gladiadores apareceu: Ave César. Nós que vamos morrer te saudamos.

  O recinto destinava-se, também, à representação de tragédias e comédias. Foi aqui que muitos cristãos perderam a vida, lançados às feras. Neste espaço colossal, chegaram mesmo a realizar-se batalhas navais.



22.10.06

Domitianus

DOMITIANUS
(Titvs Flavivs Domitianvs)
Imperador - 81 a 96 d.C.

Domiciano



 Titus Flauuius Domitianus, terceiro imperador da dinastia Flávia, terá nascido, segundo testemunha Suetónio, no nono dia antes das calendas de Novembro, ou seja, a 24 de Outubro do ano 51.

 Filho de Vespasianus, foi designado imperador após a morte do irmão mais velho, Titus, em 81.

 Cometeu vários abusos enquanto seu pai foi imperador, entre os quais dois se destacam: forçou a legítima esposa de Elius Lamia, de nome Domícia Longina, a se divorciar para a tornar sua, com quem teve um filho (73 d.C.), que morreu logo e preparou uma expedição militar que a todos pareceu desnecessária e que lhe valeu uma forte reprimenda de seu pai, que o castigou, humilhando-o perante o irmão, Tito.

 Quando Vespasiano morre e lhe sucede o filho Tito, começou a conspirar contra o irmão, ora aberta, ora secretamente, e depois da morte deste não deixou de ultrajar a sua memória por diversas vezes.

 Sua política interna caracterizou-se pela limitação dos poderes do Senado, tomando a seu cargo a designação de governadores competentes para as províncias, criou o Conselho do Príncipe que suplantou o Senado, acumulou os títulos de cônsul (cargo que ocupou de 82 a 88) e de censor perpétuo (a partir de 85). Reorganizou a administração do império e designou membros da nobreza rural para importantes cargos públicos.

 Procurou ainda moralizar os costumes (em contraste com a sua vida dissoluta), impondo severas penas aos delatores, castigando juízes que se deixavam subornar e aplicando a pena capital às Vestais que não cumpriam o dever da castidade.

 Empenhou-se na reconstrução de monumentos (onde fazia gravar o seu nome sem mencionar o do primitivo fundador), tendo iniciado o Forum Neruam, completado em 97 d. C. pelo Imperador Nerva. Era constituído por um corredor com uma colunata a acompanhar as laterais e, numa extremidade, o templo de Minerva. Foi conhecido como Forum Transitório por se situar entre o Forum da Paz, mandado construir pelo Imperador Vespasiano, em 70 d. C., e o Forum Augustum. Escavações feitas recentemente revelam a existência de lojas e tabernae.

 Erigiu templos e consagrou mesmo um santuário à família Flávia, a cuja gens pertencia. Mandou instalar celas subterrâneas para os animais selvagens no Colosseum, iniciado pelo seu pai e inaugurado pelo seu irmão Tito em 80 d.C..

 Chegou ainda a proibir que erigissem estátuas em seu nome no Capitólio que não fossem de ouro ou prata e que não tivessem um determinado peso.

 Domitianus obteve grandes vitórias no campo militar. Conquistou a Grã-Bretanha, construiu uma fronteira fortificada ao longo do Danúbio e firmou uma paz vantajosa com os dácios. Para financiar os gastos do exército e a construção de grandes obras, aumentou os impostos e promoveu confiscos de bens da aristocracia.

 Este período de governação, durou até à revolta de Lúcio António Saturnino, que conseguiu, em finais de 86, que algumas legiões o proclamassem imperador.

 Com um carácter fraco, tenta proteger a sua posição tornando-se cruel e sanguinário. Para além de todas as ordenadas mortes, expulsões e torturas, iniciou também um período de espoliações.

 Domiciano fazia-se chamar, tanto oralmente como por escrito, Dominus et Deus perseguindo todos aqueles que se recusavam a adorar a figura do imperador, originando assim a segunda perseguição contra os cristãos.

 Morre assassinado em 18 de Setembro do ano 96, vítima de uma conspiração palaciana que integrava alguns dos seus amigos e libertos mais próximos, e a sua própria mulher, Domitia Longina.

 O Senado, horrorizado com tantos crimes, declara-o maldito e apaga o seu nome de todos os monumentos.

 A sua morte pôs termo à dinastia dos Flávios. Sem filhos, sucedeu-lhe Nerva, proclamado pelo senado. Governou apenas dois anos. Seguiu-se-lhe uma série de imperadores «adoptivos», iniciando a excelente dinastia dos Antoninos.

20.9.06

Pompeia e Herculano

 A erupção do Vesúvio em 79 d. C., no tempo do imperador Tito Vespasiano, foi desastrosa para as cidades de Pompeia e Herculano – dois prósperos aglomerados perto da Baía de Nápoles. Apanhados de surpresa os seus habitantes morreram devido aos gases vulcânicos ou imolados pelas cinzas que caíam do céu. Pompeia ficou sepultada pela lava do Vesúvio dando-nos a conhecer uma importante amostra da vida quotidiana no tempo dos antigos romanos. Ficaram intactas muito das suas ruas, casas e lojas. O mais surpreendente, são as formas mumificadas de homens, mulheres, crianças e animais desenterrados nesta cidade. Foram encontradas no interior das lojas tigelas que contêm os ganhos do dia, o que informa sobre o numerário que circulava nas transacções menores.

 Do ponto de vista arqueológico, são significativas as descobertas em Herculano. A lava que submergiu esta pequena cidade preservou não só os murais das luxuosas casas, de mercados, mas também toda outra espécie de objectos como madeira, peles, rolos de papiros e alimentos.

Pompeia
O último dia de Pompeia

29.8.06

Titus

Titus
(Titvs Flavivs Vespasianvs)
Imperador - 79 a 81 d.C.

Tito


 Tribuno militar (39/12/30-81/11/13), filho primogénito de Vespasianus. Foi educado na corte de Nero com Britannicus (talvez porque Claudius I aprovasse as proezas militares de seu pai na Bretanha), e tornou-se grande amigo do rapaz. Começou a sua carreira como tribuno militar na Germânia e a seguir na Bretanha. Mais tarde, depois de ter sido questor, é nomeado lugar-tenente do pai na Judeia, em 66.

 Em 69, o pai faz-se proclamar imperador pelos soldados. Titus termina a guerra da Judeia, conquistando Jerusalém de assalto, em 70. Trouxe o candelabro dos sete braços para Roma onde o esperava magnífico triunfo.

 Durante o reinado de Vespasianus, Titus participou do poder imperial, apesar das insinuações de que fora considerado sucessor de Vitelius em 69. Ocupou sete consulados e comandou a guarda pretoriana. Na tarefa de manter a segurança (pois o reinado de Vespasianus, apesar de consciencioso e eficiente, não esteve livre de distúrbios), Titus mostrou tanta arrogância que poderia ser descrito como cruel.

 A 24 de Julho de 79, Vespasianus, seu pai, morre. Sucede-lhe Titus, como imperador, mas o seu império foi efémero, pois morre a 13 de Novembro de 81. Foi cognominado «As delícias do género humano». Pensou casar-se com a rainha Berenice, mas é obrigado a renunciar a essa ideia para não enfrentar a opinião pública desfavorável; possuía também um extraordinário – quase sinistro – talento para imitar a letra de outras pessoas.

 Durante o seu reinado três calamidades ocorreram: um incêndio em Roma, uma terrível peste e a famosa erupção do Vesúvio que engoliu Pompeia, Herculano e Stabia, mas nem esses fatos diminuíram a reputação favorável que gozou durante e depois de seu reinado, e que poderia ter sido diferente se ele tivesse governado mais tempo. Entretanto, várias das histórias relatadas sobre ele revelam alguma preocupação com a moralidade; a mais enigmática é a observação, feita em seu leito de morte, de que se arrependia de apenas uma coisa que fizera em sua vida. O que quer que fosse, sua generosidade e bom senso em face das irritações e das intrigas, principalmente de seu irmão Domitianus, e as medidas úteis que tomou quando no poder (em especial contra os informantes) têm mais peso.

 Titus deu o seu nome a terras e ao arco que celebra o seu triunfo. A sua morte foi chorada por todos.

Sucedeu-lhe seu irmão Domitianus.


Detalhe do Arco de Tito, erigido em 71 d.C., que se encontra na Via-Sacra de Roma. Representa soldados romanos levando o sagrado candelabro do Templo de Jerusalém.