Dedico este tema a ti meu pequeno amigo brasileiro de Manaus, Rodrigo Raposo, com muitos Parabéns pelo teu 12º aniversário, um grande abraço!
“A Grécia conquistada conquistou por sua vez seu selvagem vencedor e trouxe a civilização ao rude Lácio”
Horácio
Mas se os romanos inicialmente foram influenciados pela cultura grega, rapidamente deixaram de o ser pela facilidade com que o povo latino se adaptava e assimilava os costumes de outras civilizações conforme o Império se ia alargando nas suas fronteiras.
No século II a.c., o pater familias concede à mãe, a matrona romana, os direitos sobre a educação de seus filhos durante a primeira infância, gozando aquela de uma autoridade desconhecida na Civilização Grega. Essa influência terminava logo que as crianças saíam da meninice por volta dos 7 anos. Caberá a partir daí, ao pai a responsabilidade de proporcionar ao filho a educação cívica e moral que passava pela aprendizagem constantes nas Leis das XII Tábuas (já aqui tratado) símbolo da tradição Romana.
Instrução Primária (ludus litterarius)
Se é certo que a iniciação da criança nos estudos fica a cargo de um preceptor particular (em especial nas famílias aristocráticas), por volta dos sete anos a criança é confiada a um Mestre Primário – o litterator, “aquele que ensina as letras”, também designado por primus magister, magister ludi, magister ludi literarii, ou, como viria a ser designado no século IV a.c., o institutor. O primus magister é, em Roma, mal remunerado e pouco conceituado na hierarquia social.
As crianças romanas, caso fossem de famílias ricas, faziam-se acompanhar à escola por um escravo, designado segundo a terminologia grega por Paedagogus (pedagogo) . Este poderia, em determinadas circunstâncias, ascender ao papel de explicador ou até mesmo de mentor, arcando assim com a educação moral da criança. O Paedagogus conduzia o seu pequeno senhor à escola, designada por ludus litterarius, e aí permanecia até ao final da lição. O ensino é colectivo, as meninas também frequentavam a escola primária, embora para elas o preceptorado privado pareça ter sido a nota dominante.
As famílias pobres entregavam os filhos a uma escola privada fundada por profissionais.
Cabe ao Mestre providenciar as instalações. Este resguarda os seus alunos debaixo de um pequeno alpendre protegido por um toldo – pérgula - nas proximidades de um pórtico ou na varanda de alguma mansão aberta e acessível a todos.
As aulas são ministradas ao ar livre, invadidos pelos ruídos da rua de que estavam separados por alguns panos de barraca – o velum.
As crianças agrupam-se em torno do Mestre que pontifica da sua cadeira – a cathedra - colocada sobre um estrado. O mestre é muitas vezes assistido por um ajudante, o hypodidascales. Sentadas em bancos ou escabelos (bancos compridos) sem encosto, as crianças escrevem sobre os joelhos num quadro preto, tabuletas e alguns ábacos.
A jornada escolar da criança romana tinha início ao alvorecer e durava até ao pôr-do-sol. As aulas apenas eram suspensas durante as festas religiosas, nas férias de Verão (dos finais de Julho a meados de Outubro) e também durante as nundinae que semanalmente se repetiam no mercado.
A ambição do professor limitava-se a fazer os alunos a aprender a ler, escrever e contar, e como dispunha de muitos anos para o fazer não se preocupava em aperfeiçoar os métodos de ensino. O programa compreendia a escrita em duas línguas (latim e grego) em primeiro pelo nome e a ordem das letras, de A a X, antes mesmo de lhes conhecer a forma e depois agrupá-las em sílabas e palavras. Estes três tipos de aprendizagem constituem as categorias sucessivas do abecedarii, syllabarii e nomirarri. Antes de passar à redacção de textos era ensaiada a escrita de pequenas frases bem como máximas morais de um ou dois versos. No estudo da aritmética contavam as unidades com os dedos, no cálculo das dezenas, das centenas e dos milhares, mexendo pedrinhas ou calcuti nas linhas correspondentes dos ábacos.
Associada à leitura e à escrita encontra-se a declamação. A criança é incentivada a memorizar pequenos textos à semelhança do que ocorria na Grécia.
Os estudantes demasiados lentos na decifração dos textos que tinham que recitar, ou se revelavam desleixados na cópia dos de linhas de verso podiam sentir o castigo pelo primus magister que apoiava a sua autoridade na vara ou na férula (palmatória), instrumento a que recorre para infringir os castigos nas crianças. “Estender a mão à palmatória”, manum ferulae subducere, é na verdade para os Romanos sinónimo de estudar.
Os alunos são agrupados em classes, de acordo com o seu rendimento escolar. Os melhores alunos colaboram com o primus magister ensinando aos colegas as letras e as sílabas. O titulos (designação latina para quadro preto) é também uma invenção romana. Consiste num rectângulo de cartão preto em torno do qual os alunos se agrupam de pé, ordeiramente.
Ao meio-dia, os alunos eram acompanhados até casa, onde comiam pão, azeitonas, queijo, figos secos e oleaginosas.
Sobre a influência de Quintiliano, primeiro professor pago pelo estado, no Império de Vespasiano, altera-se profundamente o ensino. Alerta para a necessidade de se identificarem os talentos das crianças e chama a atenção para a necessidade de reconhecer as diferenças individuais e de adoptar diferentes formas de procedimento perante elas. Recomendava que se ensinassem simultaneamente os nomes das letras e as suas formas, devendo a eventual imperícia do aluno ser corrigida obrigando-o a reproduzir as letras com o seu estilete na placa dos modelos, previamente gravada pelo professor. É contrário aos castigos físicos, e portanto ao uso da férula. Recomenda a emulação como incentivo para o estudo e sugere que o tempo escolar seja periodicamente interrompido por recreios, já que o descanso é, na sua opinião, favorável à aprendizagem.
Fontes consultadas:
«Quando Roma Dominava o Mundo, (da Verbo)», «Em Roma – no Apogeu do Império - Jêrome Carcopino - Edição Livros do Brasil», «O Ensino em Roma - Cristina Fulgêncio e Dulce Silvério», «Mercado de Trabalho Romano – Joana»
“A Grécia conquistada conquistou por sua vez seu selvagem vencedor e trouxe a civilização ao rude Lácio”
Horácio
Mas se os romanos inicialmente foram influenciados pela cultura grega, rapidamente deixaram de o ser pela facilidade com que o povo latino se adaptava e assimilava os costumes de outras civilizações conforme o Império se ia alargando nas suas fronteiras.
No século II a.c., o pater familias concede à mãe, a matrona romana, os direitos sobre a educação de seus filhos durante a primeira infância, gozando aquela de uma autoridade desconhecida na Civilização Grega. Essa influência terminava logo que as crianças saíam da meninice por volta dos 7 anos. Caberá a partir daí, ao pai a responsabilidade de proporcionar ao filho a educação cívica e moral que passava pela aprendizagem constantes nas Leis das XII Tábuas (já aqui tratado) símbolo da tradição Romana.
Instrução Primária (ludus litterarius)
Se é certo que a iniciação da criança nos estudos fica a cargo de um preceptor particular (em especial nas famílias aristocráticas), por volta dos sete anos a criança é confiada a um Mestre Primário – o litterator, “aquele que ensina as letras”, também designado por primus magister, magister ludi, magister ludi literarii, ou, como viria a ser designado no século IV a.c., o institutor. O primus magister é, em Roma, mal remunerado e pouco conceituado na hierarquia social.
As crianças romanas, caso fossem de famílias ricas, faziam-se acompanhar à escola por um escravo, designado segundo a terminologia grega por Paedagogus (pedagogo) . Este poderia, em determinadas circunstâncias, ascender ao papel de explicador ou até mesmo de mentor, arcando assim com a educação moral da criança. O Paedagogus conduzia o seu pequeno senhor à escola, designada por ludus litterarius, e aí permanecia até ao final da lição. O ensino é colectivo, as meninas também frequentavam a escola primária, embora para elas o preceptorado privado pareça ter sido a nota dominante.
As famílias pobres entregavam os filhos a uma escola privada fundada por profissionais.
Cabe ao Mestre providenciar as instalações. Este resguarda os seus alunos debaixo de um pequeno alpendre protegido por um toldo – pérgula - nas proximidades de um pórtico ou na varanda de alguma mansão aberta e acessível a todos.
As aulas são ministradas ao ar livre, invadidos pelos ruídos da rua de que estavam separados por alguns panos de barraca – o velum.
As crianças agrupam-se em torno do Mestre que pontifica da sua cadeira – a cathedra - colocada sobre um estrado. O mestre é muitas vezes assistido por um ajudante, o hypodidascales. Sentadas em bancos ou escabelos (bancos compridos) sem encosto, as crianças escrevem sobre os joelhos num quadro preto, tabuletas e alguns ábacos.
A jornada escolar da criança romana tinha início ao alvorecer e durava até ao pôr-do-sol. As aulas apenas eram suspensas durante as festas religiosas, nas férias de Verão (dos finais de Julho a meados de Outubro) e também durante as nundinae que semanalmente se repetiam no mercado.
A ambição do professor limitava-se a fazer os alunos a aprender a ler, escrever e contar, e como dispunha de muitos anos para o fazer não se preocupava em aperfeiçoar os métodos de ensino. O programa compreendia a escrita em duas línguas (latim e grego) em primeiro pelo nome e a ordem das letras, de A a X, antes mesmo de lhes conhecer a forma e depois agrupá-las em sílabas e palavras. Estes três tipos de aprendizagem constituem as categorias sucessivas do abecedarii, syllabarii e nomirarri. Antes de passar à redacção de textos era ensaiada a escrita de pequenas frases bem como máximas morais de um ou dois versos. No estudo da aritmética contavam as unidades com os dedos, no cálculo das dezenas, das centenas e dos milhares, mexendo pedrinhas ou calcuti nas linhas correspondentes dos ábacos.
Associada à leitura e à escrita encontra-se a declamação. A criança é incentivada a memorizar pequenos textos à semelhança do que ocorria na Grécia.
Os estudantes demasiados lentos na decifração dos textos que tinham que recitar, ou se revelavam desleixados na cópia dos de linhas de verso podiam sentir o castigo pelo primus magister que apoiava a sua autoridade na vara ou na férula (palmatória), instrumento a que recorre para infringir os castigos nas crianças. “Estender a mão à palmatória”, manum ferulae subducere, é na verdade para os Romanos sinónimo de estudar.
Os alunos são agrupados em classes, de acordo com o seu rendimento escolar. Os melhores alunos colaboram com o primus magister ensinando aos colegas as letras e as sílabas. O titulos (designação latina para quadro preto) é também uma invenção romana. Consiste num rectângulo de cartão preto em torno do qual os alunos se agrupam de pé, ordeiramente.
Ao meio-dia, os alunos eram acompanhados até casa, onde comiam pão, azeitonas, queijo, figos secos e oleaginosas.
Sobre a influência de Quintiliano, primeiro professor pago pelo estado, no Império de Vespasiano, altera-se profundamente o ensino. Alerta para a necessidade de se identificarem os talentos das crianças e chama a atenção para a necessidade de reconhecer as diferenças individuais e de adoptar diferentes formas de procedimento perante elas. Recomendava que se ensinassem simultaneamente os nomes das letras e as suas formas, devendo a eventual imperícia do aluno ser corrigida obrigando-o a reproduzir as letras com o seu estilete na placa dos modelos, previamente gravada pelo professor. É contrário aos castigos físicos, e portanto ao uso da férula. Recomenda a emulação como incentivo para o estudo e sugere que o tempo escolar seja periodicamente interrompido por recreios, já que o descanso é, na sua opinião, favorável à aprendizagem.
Fontes consultadas:
«Quando Roma Dominava o Mundo, (da Verbo)», «Em Roma – no Apogeu do Império - Jêrome Carcopino - Edição Livros do Brasil», «O Ensino em Roma - Cristina Fulgêncio e Dulce Silvério», «Mercado de Trabalho Romano – Joana»
1 comentário:
Bom, isto não é um postal, é um Tratado de Educação em Roma. E mai nada! Um abraço e à I. também Enviado por Jorge G - O Sino da Aldeia em abril 17, 2008 12:36 PM
Amigo Marius, com aqueles primus magister não se "brincava". Encontramos neste texto muitos termos que vieram dar origem a palavras que habitualmente encontramos no nosso dicionário. Boa semana! Abraços. Enviado por segundavida em abril 21, 2008 04:43 PM
Hoje, 1º de Maio, não trabalho e por isso, não comento, peço desculpa. Apenas passo para deixar um abraço aos amigos e a todos os trabalhadores. Bom Dia de Festa! Viva a Liberdade! Jorge P.G. UM GRANDE ABRAÇO PARA TI! E outro para a I. Enviado por Jorge G - O Sino da Aldeia em maio 1, 2008 05:17 PM
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