27.10.07

Antonino Pio

ANTONINUS PIUS
(Titvs Avrelivs Fulvius Boionivs Antoninvs)
Imperador - 138 a 161 d.C.

Antonino Pio



  Imperador romano de 138 a 161, de nome completo Titus Aurelius Fulvus Boionius Antoninus, nascido em Lanúvio em 86 e falecido em 161, provinha do seio da burguesia tradicional do Lácio.

  Pio mereceu este título pelo seu respeito para com todos, homens e deuses. Foi também chamado de «Imperador perfeito» pela sua doçura, serenidade e no desprezo pela vã glória. Amigo do seu amigo, aceitava de bom grado um bom conselho.

  Após a sua nomeação como cônsul, é enviado pelo imperador Adriano para a zona asiática com a sua autoridade reforçada com o título de procônsul. Aqui granjeou o respeito e a estima de muitos dos seus compatriotas. Das obras que empreendeu durante a sua vigência, destaca-se a muralha defensiva que edificou na Escócia em 143, entre o firth de Forth e o de Clyde e que permitiu a defesa do território aquando dos avanços das tribos nórdicas.

Adriano adopta-o como seu protegido em 138, subindo ao trono imperial no mesmo ano. Marca, conjuntamente com os seus antecessores Trajano e Adriano e com o seu sucessor Marco Aurélio, a chamada Idade de Ouro do Império Romano, dando inclusive o seu nome como qualificativo dinástico ao grupo de sete imperadores romanos que governam entre 96 e 192.


Retrato de Faustina, a Jovem, filha de Antonino Pio e esposa de Marco Aurélio


Muralha de Antonino



  Com o intuito de proteger a Bretanha romanizada das tribos bárbaras da Escócia, Antonino ordena a construção de uma muralha cerca de 50 km a norte da de Adriano. Com 59 km de extensão e feita entre Bo'ness (a Leste) e Old Kilpatrick (a Oeste) a Muralha de Antonino assinala o momento em que os Romanos ocuparam a máxima extensão da Bretanha.

  Demorou 2 anos a ser construída (140d.C.-142d.C.) e conseguiu reter os povos bárbaros durante 39 anos. Em 181 os povos do Norte empurraram novamente os Romanos para a Muralha de Adriano. No final do século II, a ideia de reconquistar o território entre as 2 muralhas já havia sido abandonado.

27.9.07

Miróbriga

  Marius70 olha extasiado a ruínas romanas que se estendem sobre o seu olhar. Está em Miróbriga.

  Muito próxima da vila de Santiago do Cacém, Miróbriga (topónimo de origem celta), foi inicialmente, na zona do Castelo Velho, povoada por uma população de origem céltica por volta do século IV a. C.. Fabricava louça modelada à mão e decorada por cordões.

  Miróbriga foi fortificado e urbanizado, acentuando o seu desenvolvimento nos séculos II e I a.C..

  A Romanização veio alargar o povoado indo da zona escavada até à Aldeia do Chãos. Foi elevada à categoria de civitas (cidade), teria possuído magistri e município a partir do século I d.C. conforme análises das inscrições encontradas.

  De Miróbriga como topónimo foi encontrada esta inscrição numa lápide descoberta perto das ruínas (Santa Cruz):

  «Consagrado aos deuses Manes, Gaio Pórcio Severo, mirobrigense céltico, faleceu aos sessenta anos de idade. Aqui jaz e que a terra lhe seja leve».

  Três inscrições, duas dedicadas a Vénus e uma a Esculápio, foi considerado a interpretar como templos duas construções situadas no Castelo Velho.

  Para servir a população local ou os peregrinos que afluíam ao santuário, Miróbriga dispunha de termas, compostas por dois edifícios construídos em períodos diferentes com utilização de mármores e decoração de frescos, possivelmente destinados ao uso feminino e masculino.

  Entre os séculos I e II d. C., surgem os compartimentos habituais neste tipo de edificação, ou seja, uma zona de entrada, com salas de vestiário e jogos, e uma zona de banhos frios - frigidarium, de banhos aquecidos - caldarium e tepidarium e o laconium (sala destinada a provocar a transpiração). Duas latrinas sobre a corrente de água que se iria juntarem à do esgoto das termas demonstra bem a qualidade de vida que o Império Romano trazia aos povos e países conquistados.

  As termas situam-se junto a uma ribeira, no sopé da colina do santuário.



  Marius percorreu todo aquele percurso por uma estupenda calçada romana. Viu aquelas termas e imaginou o tempo em que homens mulheres e crianças ali se banhavam, riam, jogavam e desfrutavam de mente sã em corpo são que o obscurantismo da Idade Média tudo fez para apagar.

  Na zona mais elevada de Miróbriga, foi erigido o forum, no centro do qual é visível um templo eventualmente dedicado ao culto imperial, assim como um outro consagrado a Vénus.



  Circundando o forum desenvolve-se toda uma zona constituída por diversas construções de funcionalidade ainda mal conhecida, assemelhando-se, todavia, a duas das edificações mais comuns nos fora provinciais, ou seja, à cúria e à basílica.

  A Sul, por sua vez, desenvolvia-se a área comercial, por excelência, caracterizada pela presença de diversas lojas, as tabernae.

  Miróbriga contava com um circo que comportaria cerca de 25 000 espectadores. Este circo é o único conhecido em Portugal.

  No Museu da Estação Arqueológica de Miróbriga podemos ver um espólio que nos fará pensar que afinal tudo aquilo que hoje utilizamos na vida doméstica diária, desde os botões, às agulhas, às cânforas etc., já os romanos se serviam disso. Como me disse o empregado do IPPAR, os romanos só não tinham era computadores.

Fontes consultadas: «Uma importante estação arqueológica-Miróbriga» À Descoberta de Portugal das Selecções do Reader’s Digest e «Estação Arqueológica de Miróbriga do IPPAR».



31.7.07

Lucius Aelius

LUCIUS AELIUS
(Lvcivs Cionivs Commodvs Aelivs Caesar)
Caesar – 136 a 137 d.C..



  Descendente de ilustre família senatorial que começou a atingir preponderância no reinado de Vespasianus, Lucius Cionius Commodus era filho de cônsul. No ano de seu próprio consulado, foi adoptado por Hadrianus como seu filho e sucessor (ao mesmo tempo, sua filha Fabia ficou noiva do jovem Marcus Aurelius). Adoptou o nome de Lucius Aelius Caesar, foi designado cônsul para o ano 137d.C. e recebeu o privilégio do poder tribunício. Foi então enviado ao Danúbio com responsabilidade militares, de forma a prepará-lo para o poder imperial que deveria assumir. Voltou a Roma no Inverno de 137, ficou doente na véspera do ano novo e morreu em Janeiro de 138, talvez de tuberculose.

  Devido à morte de Lucius, Hadrianus adopta como seu protegido Titus Aurelius Hadrianus Antoninus (Pius) em 138, subindo este ao trono imperial no mesmo ano.

  O filho de Lucius Aelius, Lucius Verus, foi adoptado por Antoninus devido a compromisso assumido por este ao imperador Hadrianus.



6.7.07

Panteão, Roma

  Tal como o nome o sugere, o Panteão de Roma foi dedicado a todos os deuses, ou, mais especificamente, às divindades planetárias que, em número de sete, justificam os nichos com altares existentes no interior da cella.

  O edifício que actualmente se observa no Campo de Marte foi mandado erguer entre 118 e 128 pelo imperador Adriano que, segundo alguns autores, terá participado activamente na sua concepção. Substitui uma construção mais pequena, consagrada a Júpiter, construída por Marcus Agrippa em 27 a. C. que sofrera um devastador incêndio.

  Exteriormente, este edifício é formado por um tambor cilíndrico liso de quarenta e quatro metros de diâmetro, sem decoração, que contém a cella do templo, coroada por uma cúpula de curvatura suave, rematada interiormente por uma série de degraus concêntricos. A entrada no templo é marcada por um profundo pórtico, solução tradicional para os templos romanos de planta rectangular. Originalmente este pronaus apresentava um envasamento alto ao qual se subia por largos degraus, no entanto, a subida do nível da praça soterrou este elemento arquitectónico. Para além de constituir um átrio que resolve a transição entre exterior e interior, este pórtico de três naves e oito colunas responde a uma vontade genuinamente romana de criação de uma fachada monumental.

  No entablamento desta fachada, coroada por um amplo frontão, Adriano mandou colocar uma inscrição de Agripa, aproveitada dos restos do edifício anterior.

  A parede do templo é articulada por oito nichos profundos, alternando a forma rectangular com a semicircular, cada um deles fechado por três colunas. Sobre este nível e separado por uma cornija ergue-se o tambor de suporte da cúpula, ritmado por aberturas rectangulares.

  A cúpula tinha um sentido eminentemente simbólico, representando a abóbada celeste. Na sua feitura foi utilizado o cimento romano (cuja receita exacta se perdeu até aos nossos dias).

  O revestimento das paredes e do pavimento em mármore colorido conservam-se tal como foram definidos pelos romanos. Também originais são os caixotões da cúpula, embora tenha desaparecido a camada dourada que a recobria.

  Nos inícios do século VII (em 609), o edifício foi consagrado como igreja, nesta altura os grandes nichos laterais foram redecorados, recebendo imagens cristãs.

10.6.07

O Tabuleiro

  Este tabuleiro foi descoberto nas escavações em Corbridge, Northumberland.

 


  Dados: os Romanos conheciam duas variedades. os autênticos dados, "tesserae" e os astrálagos (tali), feitos com os ossos do calcanhar de ovelhas, vitelos ou outros animais, ou com a sua reprodução em metal.

 A lei romana só permitia a prática de jogos de azar durante as Saturnais, mas apesar disso, foram muitos os que se arruinaram por causa destes dados...




  Na imagem os autênticos dados, "tesserae" e os astrálagos (tali).



... E pensar que Ontem assim como Hoje, os soldados jogavam aos dados nos intervalos das batalhas. Fiz isso muitas vezes em Cabinda em tempos de guerra.

12.5.07

Adriano

HADRIANUS
(Pvblivs Aelivs Hadrianvs)
Imperador - 117 a 138 d.C.

Adriano



  Imperador romano (76-138) de 117 a 138 nascido em Itálica (actual Espanha). Era sobrinho do imperador Trajano, seu tutor, a quem sucedeu. Hábil administrador, durante o seu reinado, foi um viajante incansável. Percorreu todo o império para examinar de perto as províncias e as reformas que necessitavam. Amante das letras e das artes, implementou uma profunda reforma na administração e em 131 editou um código de leis para ser aplicado em todo o império o Edito Perpétuo compilação judicial que rege o império até ao tempo de Justiniano. Abandonou as campanhas de Trajano na Mesopotâmia e adoptou uma política defensiva, fortificando as fronteiras do Império Romano. Na Inglaterra mandou construir em 112 o Muro de Adriano, que marcou durante séculos a fronteira entre a Inglaterra e a Escócia para a defender dos povos do norte.

  Inspirado na cultura grega, embelezou Roma e o império com monumentos, manda construir a Vila de Adriano, a ponte de Sant’Ângelo, o castelo do mesmo nome (que é o seu mausoléu).

  Construiu sobre as ruínas de Jerusalém a Elia Capitolina provocando a revolta judaica, sufocada em sangue.

  Adriano também era poeta e dele fica este poema:

Animula vagula, blandula

Animula vagula, blandula,
Hospes comesque corporis,
Quae nunc abibis in loca
Pallidula, rigida, nudula,
Nec, ut soles, dabis iocos?


P. Aelius Adrianus, Imp.

Ó alminha vagabunda e folgazã,
hóspede e companheira do corpo,
onde irás agora,
pálida, fria, nua,
privada dos costumados passatempos?


Muralha de Adriano

  Ocupada a Bretanha (no século I d.C.), logo sentiram os Romanos o carácter aguerrido e belicoso dos Pictos e Escotos do Norte da ilha. Na sua política de consolidação e defesa das fronteiras, o Imperador Adriano visitou a ilha em 122 e mandou construir um muro fortificado desde Solway Firth até ao estuário do rio Tyne, para defender a Bretanha Romanizada.

  Com 120 km de comprimento, esta enorme obra foi concluída em 126 pelos próprios soldados, que construíam e combatiam simultaneamente. Originalmente era de madeira e terra, só se tornando de pedra mais tarde. Cada "centúria" era obrigada a construir a sua parte do muro. Este tem uma fundação de terra ladeada por um vallum (fosso) de 4 m de profundidade. Sobre a terra, levantaram, assim, um muro em pedra, maciço, com cerca de 5 m de altura e 2,5 m de largura. Sobre ele seguia uma estrada militar, no sentido de facilitar as comunicações e os transportes, e 80 castelos com pequenas torres e fortins, onde se encontravam sentinelas. Ao longo do muro erguiam-se 17 fortalezas (o forte de Chesters, Northumberland, hoje em ruínas, era uma delas), o que completava o sistema de fortificação fronteiriça do Norte da Britannia.

  A distância entre as rodas deixados pelos sulcos dos carros romanos na entrada do forte em Housesteads no muro de Adriano, serviram dois mil anos depois, de bitola-padrão, para os caminhos-de-ferro britânicos Ver Aqui.

  Com o Imperador Antonino foi construído uma outra muralha 50 km a norte da 1ª - a Muralha de Adriano.

Em baixo, foto das ruínas do Muralha de Adriano e da placa alusiva, em Vindolande.