27.2.06

Bacanais vs Carnaval



Os Romanos criaram a festa que originou o carnaval

 Festas romanas celebradas em honra a Baco. Embora não fossem iguais em todas as regiões, identificavam-se sempre pelo carácter orgíaco e pela presença de mulheres tomadas de delírio.

186 a.C. - O Senado Romano reprime os bacanais, festas em homenagem a Baco, o Dionísio dos Romanos, pois geram desordens e escândalo

 Na Roma antiga as festas mais importantes eram as saturnais e as bacanais, que nos influenciaram.

 A história registra uma série de festas e celebrações de características carnavalescas entre os mais variados povos. Tudo era pretexto para comemorações: a abertura do ano agrícola, a fecundidade, a colheita, os mortos, os deuses. Na Europa, de onde veio grande parte das tradições brasileiras, as festas mais importantes eram as saturnais e as bacanais dos romanos.

 As primeiras comemoravam a entrada da primavera e as outras eram realizadas em honra a Baco, deus do vinho e do delírio místico. Nenhuma dessas festas, porém, tinha ordem cronológica. As datas variavam de região para região.

 Havia dois tipos de bacanais: as festas religiosas celebradas em época certa, em homenagem a Baco, que o mesmo deus celebrava perpetuamente, e as festas ou orgias do culto dionisíaco, famosas na história de Roma, em virtude da proibição com que as suspendeu o Senado, no ano 186, a.C.

 Um minucioso relato do historiador Tito Lívio e o texto do "Senatus Consultus de Bacchanalibus", conservado numa prancha de bronze, permitem conhecer com exactidão a história das bacanais romanas e os motivos que determinam a rigorosa medida do Estado contra eles. Um grego, de baixa condição, espécie de sacerdote e adivinho ambulante, foi quem introduziu na Etrúria as práticas religiosas do culto a Baco, que até então só era conhecido na Magna Grécia. O culto se celebra durante a noite, admitindo-se homens e mulheres indistintamente, e essa promiscuidade, unida ao furor báquico, foi que deu origem a todos os excessos de libertinagem.

 Denuncias caluniosas, testamentos falsos, envenenamento, desaparecimento de homens e mulheres eram sempre o saldo das festas orgíacas. Foi da Etrúria que os mistérios dionisíacos chegaram a Roma, levados pela sacerdotisa Paculla Annia. No princípio, eram festas nocturnas, assistidas apenas por mulheres, Paculla instaurou a promiscuidade, fazendo a festa cinco vezes por mês, na qual homens e mulheres se entregavam a todos os excessos do vinho e do amor, possuídos do furor sagrado de Baco. A orgia era em ambiente privativo dos iniciados, e seus participantes tinham o dever de guardar segredo sobre as práticas a que se entregavam.

 O segredo dos mistérios báquicos durou muito tempo, até ser revelado pela amante do cavaleiro Esbutius, a liberta Hispalia Fescénia, de cujo nome vem a palavra fescenino. Antiga participante do bacanal, Fescénia revelou ao amante, desejoso de iniciar-se também, os mistérios orgíacos. Horrorizado, Esbutius, denunciou tudo ao cônsul Postumius, a quem Fescénia, embora temendo a cólera dos deuses e dos irmãos de seita, contou tudo o que sabia. O lugar da reunião era o bosque sagrado de Simila, perto de Roma. Tito Lívio faz o relatório desse depoimento.

 Os homens, possuídos de delírio, profetizavam, entre fanáticas contorções. As mulheres, vestidas de bacantes, com os cabelos soltos, lançavam tochas ardentes no Tibre. O mais alto grau da perfeição báquica era não considerar nada vedado pela moral. Os tímidos e os envergonhados, que se negavam a acompanhar os demais, eram sacrificados. O número de iniciados era tão considerável, que constituía um segundo povo, figurando entre eles mulheres e homens da mais alta sociedade. Em certa época, os iniciados passaram a exigir a idade mínima de vinte anos para os novos sócios.

 O inquérito feito por Postumius e levado ao Senado romano indicou que passava de sete mil o número de iniciados, sendo a maioria de mulheres. Tomaram-se medidas de grande rigor, diante das investigações que comprovaram a denúncia de Fescénia.

 As bacanais foram proibidas, sob as mais severas penalidades, como atentatórias à segurança do Estado. Figuravam entre as penas cominadas, a pena capital, sendo interditadas as festas não apenas em Roma, mas também em toda a Itália. Todas as províncias foram proibidas de celebrar bacanais. Mas a decisão não era drástica: quem quisesse promover um bacanal, tinha que ir a Roma, fazer uma declaração prévia ao pretor da cidade e aguardar a permissão do Senado, que devia ser dada em sessão com a presença de pelo menos 100 senadores. Além disso, não se permitia mais nenhuma bacanal com mais de cinco pessoas; dois homens e três mulheres.

 Mas apesar de todas essas providências oficiais de repressão, os devotos continuavam celebrando os ritos de Baco em bacanais mais ou menos clandestinas.

 E era tão grande o número de adeptos dessas orgias religiosas, que, no ano de 184 (a.C.), em Tarento, e em 181, na Apúlia, o povo promoveu uma rebelião para restaurar o direito de celebrar as bacanais. Há uma sátira de Varro, segundo a qual as bacanais se faziam em Roma sob disfarçada clandestinidade, enquanto no resto do Império havia uma razoável tolerância. De qualquer forma, nunca deixou de existir a festa pública celebrada todos os anos a 16 de março, chamada Liberalia.

 Liber era também o nome latino de Baco. Por fim, é interessante notar que o nome de bacantes, depois estendidos também aos homens, era inicialmente reservado às mulheres que se entregavam ao culto orgiástico do deus. Além disso, vale a pena lembrar que as bacantes eram senhoras da melhor origem patrícia, escolhidas entre elas as de mais ilibada reputação, pois as práticas da orgia religiosa constituíam não uma imoralidade, mas um acto de comunhão com a divindade.

1 comentário:

Anónimo disse...

3 mulheres e 2 homens?... Nem dava para jogar à sueca!... Ora como ainda não tinham televisão nem rave parties, que raio é que eles faziam durante as festas?!!!... Enviado por animaleja em fevereiro 27, 2006 09:17 PM

Brincavam aos pápás e às mamãs!... :)) Enviado por marius70 em fevereiro 27, 2006 09:59 PM

Curiosidades -*-Quando Baco estava na Ásia Menor, banhando-se com os sátiros nas águas do Pactolo e brincando com eles nas costas da Frígia, ligou-se da mais estreita amizade com um jovem sátiro chamado Ampelos. Em breve, tornaram-se inseparáveis; mas um touro furioso matou um dia o infeliz Ampelos, e Baco, não podendo consolar-se, derramou ambrósia nos ferimentos do amigo que foi metamorfoseado em vinha, e é precisamente esse divino suco que deu à uva a qualidade embriagadora. (Nonnos). Baco, realmente, colheu um cacho de uvas e, espremendo o suco, disse: "Amigo, a partir deste instante serás o remédio mais poderoso contra as dores humanas."-*- Baco, chegado a Ática, foi à casa de um ateniense chamado Icário, que o recebeu muito bem; como recompensa pela hospitalidade Baco lhe ensinou a maneira de fazer vinho. Icário, fazendo-o, quis que o provassem os camponeses da redondeza, que o acharam delicioso. Mas embriagaram-se completamente, e, julgando que Icário os havia envenenado, atiraram-no a um poço. A visita de Baco a Icário está figurada em vários baixos-relevos. Tinha Icário uma filha de extrema beleza, chamada Erígone, por quem Baco se apaixonou. A fim de unir-se a ela, metamorfoseou-se em cachos de uvas, e quando a jovem o percebeu sob tal forma, apressou-se em colhê-lo e comê-lo; foi assim que se tornou esposa do deus, de quem teve um filho chamado Estáfilos, cujo nome significa uva. Foi ele que, mais tarde, ensinou aos homens que, misturando-se água ao divino licor, este não mais produzia a embriaguez. Quando Icário foi morto, Erígone nada sabia do que se passara, mas inquieta por não o ver regressar, tratou de procurá-lo e não tardou em ser atraída pelos uivos da pequenina cachorra Moera, que chorava ao pé do poço a que Icário fora atirado. Quando Erígone soube o que sucedera ao infeliz pai, foi tal o seu desespero que se enforcou. Baco, encolerizado, enviou aos atenienses um delírio furioso que os levou a se enforcarem no mesmo lugar em que haviam morrido Icário e a filha. O oráculo, consultado, respondeu que o mal cessaria quando tivessem sido punidos os culpados e prestadas homenagens às vítimas. Júpiter colocou Icário entre os astros e dele fez a constelação de Bootes. Erígone tornou-se a da Virgem, e a cachorra Moera passou a ser a da Canícula. Todas essas tradições se prendem à introdução do cultivo da vinha na Ática, e aos efeitos imprevistos da embriaguez. O sono de Erígone foi frequentemente representado; Girodet fez dele o tema de uma das suas composições mais graciosas.-*- Possivelmente esta é uma das obras mais famosas de Velásquez. "Los Borrachos" , http://dojaya.no.sapo.pt/losborrachos.jpg "The Feast of Bacus" para os ingleses...se preferirem, bacanal. Esta obra foi pintada para Felipe IV, III de Portugal, entre 1628-1629. O artista converte aqui o Deus da mitologia romana, num dos "borrachos" que participam na festa onde o vinho os liberta, pelo menos de uma forma temporal, dos seus problemas quotidianos. Um abraço e um bom feriado! Enviado por dojaya em fevereiro 28, 2006 02:20 PM

Marius70, excelente descrição que aqui fazes em relação à história dos bacanais em honra de Baco e não só! Tinha que haver um pretexto qualquer. Um abraço Enviado por soslayo em março 5, 2006 10:12 PM

Esta coisa dos blogs beta... Não só se vão os templates como já reparei que os comentários são mais difíceis de fazer... Enviado por Mauro em março 6, 2006 10:42 PM

os meus parabéns mas uqeria saber pq não consigo entrar no teu blog deixa-me pq sempre que entro o meu borwser fecha logo Enviado por tron em março 7, 2006 11:45 PM